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domingo, 18 de janeiro de 2015

O Contexto Escolar Periférico e a Teoria do último Homem


Joaquim Luiz Nogueira

Nas últimas décadas, cada início de ano  letivo se transforma em drama, pois uma espécie de simbiose, que de sentido da ecologia, trata-se de  associação de dois ou mais seres que, embora sejam de diferentes espécies, vivem conjuntamente, porém, diferentemente da natureza, na escola, fica difícil ver as  vantagens recíprocas entre todos os envolvidos.
Este drama pedagógico de início de ano letivo também pode ser chamado de entropia, grandeza que, em termodinâmica, permite avaliar a degradação da energia de um sistema: mas, na escola permite avaliar a deterioração de um sistema de ensino em profunda mudança de rumos.
Nos últimos planejamentos anuais, o termo usado por Slavoj Žižek[1] de características do Último Homem, vale para a maioria dos envolvidos com o contexto escolar periférico, isto é, espaço que acolhe a todos, simbiose ou entropia, cujo resultado: “um ser apático, destruído de grande paixão ou engajamento. Incapaz de sonhar, cansado da vida, ele não assume riscos, buscando apenas conforto e a segurança”.
Se este se torna o perfil da maioria dos envolvidos com o contexto escolar periférico, uma minoria, mas com poder destrutivo grande, emerge como erva daninha, cuja disposição, também é definida por Žižek: “Eles têm seus pequenos prazeres para o dia e seus pequenos prazeres para a noite (...) Descobriram a felicidade, dizem esses últimos Homens”.
Teoricamente, no início do ano letivo, a escola se enche de profissionais para trabalhar e adolescentes e jovens para estudar, e novamente, nas palavras de Žižek “Falta aos melhores convicção, enquanto os piores / Estão cheios de ardor apaixonado (....) Os melhores não conseguem mais engajar-se plenamente, e os piores se engajam com fanatismo”.
Logo de início, a realidade se mostra que se o objetivo de uns é a garantia por um salário de sobrevivência, de outros, a permanência comprovada pela matrícula, segundo Žižek, “O problema não é a diferença cultural (...) mas o fato oposto (...) que em segredo, eles (os piores) já internalizaram nossos padrões e já se medem por eles”.

E para terminar, aquilo que passou a se chamar de “comunidade escolar” para atender certas vontades do politicamente correto, incutindo no público a ideia de um lugar comum, baseada no consenso espontâneo dos indivíduos que o constituem. O correto seria espaço do raro ou de diversidades em todos os aspectos.




[1] Slavo Žižek, CAD. Ilustríssima, Folha de São Paulo, 18 de Janeiro de 2015

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