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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Reprovação e abandono escolar


Prof. Joaquim Luiz Nogueira

De acordo com reportagem da Folha de São Paulo de 18 de dezembro de 2014, as taxas de reprovação e abandono em 2013 no Ensino Fundamental (1º ao 9º) nas redes públicas foram as seguintes:


Ret. Rendimento
Ret. Abandono
Percentual de Retidos total
Rede Pública do Brasil
9,4%
2,6%
12%
Rede Municipal de São Paulo
2,2%
1,7%
3,9%
Rede Estadual de São Paulo
4,5%
1,6%
6,1%

Para Prof. Doutora, Andrea Ramal, que foi entrevistada pela Folha, “Reprovar não é solução, mas aprovar quem não aprendeu pode ter efeitos ainda piores para os estudantes” E podemos acrescentar que buscar resultados sem investimentos de infraestrutura nas escolas, sem melhorar as condições de trabalho dos professores e das famílias, só restará esta competição por resultados e números entre as redes, cujos perdedores da vontade e da motivação, não são apenas os alunos, mas os docentes, funcionários, gestores e empregadores.

Observando esses números da tabela acima e as escolas em que trabalhamos, logo imaginamos que uma aprovação de 88% dos alunos do Ensino Fundamental (1º ao 9º) significa um trabalho árduo de todos os envolvidos, pois, um grande percentual desses que foram promovidos carregam lacunas, cuja pedagogia moderna classifica como “alunos com tempo de aprendizagem diferente”

E que em 2014, surgiram classes de alunos retidos por aprendizagem e abandono do ano anterior, somados aos que apresentaram lacunas devido o tempo de aprendizagem e uns poucos que se enquadram como alunos com idade e aprendizagem adequados ao ano escolar em que estão matriculados.

Ainda, pensando em 2014, vamos acrescentar as condições de dupla e tripla jornada dos professores que frequentam diversas escolas e redes públicas  diferentes, somando uma quantidade de Diários de classes que explica muito sobre a qualidade de ensino, sendo comum, usar qualquer pedaço de tempo na classe ou na sala dos professores, para buscar entender a direção que deve tomar dentro da escola, ou seja, se vai para direita, esquerda ou sair correndo para não ficar com falta na outra escola.

 Esse contexto não é desastroso somente no sentido da não - aprendizagem adequada de crianças, jovens e adolescentes. O efeito lacuna de aprendizagem já chegou à graduação, nos cursos que formam docentes, muitos foram aprovados em concurso público de professor e para pesadelo de gestores estão na escola. Vejamos algumas das falhas desses profissionais:
- não levantam cedo;
- não cumprem horário de chegada à escola, chega correndo junto com os alunos;
- não preenchem diários de classe porque não sabe fazer chamada;
- São contra avaliação de alunos, pois isso não faz sentido para eles;
- Estão sempre escolhendo dias letivos para faltar na escola;

De outro lado, o sistema político brasileiro, que desde a Independência do Brasil vem buscando alternativas e conceitos que possam identificar este povo, de alguma forma, em diferentes momentos históricos, resolveram entrelaçar interesses de banqueiros nacionais e internacionais com educação. O resultado desta colheita vem em números de retidos, abandonos escolares, drogados, violência, miséria de toda espécie.

De quem é a culpa? As crianças, adolescentes e os jovens até 18 anos, esses, não respondem por eles, estão interpretados pela Lei do Menor como parte da sociedade com muitos direitos e poucos deveres. Os políticos? Claro que não, na hierarquia, eles estão no topo e a maioria não sabe o que é escola pública. Portanto, a culpa seria das famílias daqueles que estudam nessas redes? Também não! Responderia o representante dos políticos. Famílias significam muitos votos, logo, também está protegida. E agora, só resta uma instituição que tudo indica foi criada para atender as necessidades de um povo, e que no caso brasileiro, atende aos interesses daqueles descritos por Jean Jaques Rousseau: “os homens nos salões de Paris fazem discursos que não correspondem as suas ações”.

Concluindo, quantos interesses estão no pano de fundo da Educação no Brasil, Se você é professor da rede pública e ainda cumpre com seu dever de ensinar, avaliar, planejar, pesquisar, atualizar conhecimento, cumprir horário de trabalho e entregar documentos preenchidos. Observem seus colegas que chegaram na rede pública nos últimos anos e os alunos cujo seu trabalho tentou ajudar.  Quantas mudanças? O mundo agora é outro?  Prepare-se para o FEEDBACK e a devolutiva, pois  você será convencido que precisa colaborar com os colegas e juntos fazerem uma avaliação 360º.


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