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sexta-feira, 31 de março de 2017

Moro na Capa da Folha de São Paulo: uma leitura da fotografia.


Joaquim Luiz Nogueira

A fotografia da capa da folha de hoje 31/03/2017 mostra uma leitura do Juiz Sergio Moro com seu corpo abaixado, dividindo a cena com um quadro muito interessante, pois sobre um piso de tijolo de barro está uma forca, cujo laço está próximo de um tecido branco e um negro descalço.

Do lado direito está alguém com a roupa da nobreza, denotado pela meias e o calçado, mas não mostra o rosto, apenas o poder. Na esquerda, outro indivíduo branco com os pés descalço e a roupa se desfazendo pelo uso e a sujeira. Evidenciando o equilíbrio sobre uma só perna, inclinando-se para o lado da terceira pessoa de vestes pretas e sandália de gente humilde, mas com uma sombra que se prolonga e não determina o limite ou fim.

Em instabilidade, a cor esquerda da veste branca e suja se posiciona de um lado da fotografia, enquanto, a imagem do poder, bem vestida se posiciona do outro lado, atestando um total equilíbrio de ordem. No fundo, apenas com o pé direito e muito firme, está alguém que podemos supor, representa a religião, já que sempre estava presente junto aos enforcamentos dos condenados, fazia parte da cerimônia ao lado do poder.

No centro da fotografia está a veste branca, sem nenhuma sujeira, símbolo de paz, colada a veste vermelha desbotada, sem rosto, cuja parte final da calça parece acompanhar  a negritude dos pés, mas finaliza com a brancura da sola dos pés sobre a firmeza de um piso infinito de tijolo.

E ao pé do quadro, a figura do Juiz com sua veste de cor padrão preta se abaixando para que o leitor possa ver o quadro que se posiciona na parede, onde se vê a ilustração do poder no qual, ele está nesta fotografia se abaixando. O poder e a forca, não há dialogo, apenas cerimônia e cumprimento da Lei.

Ao lado da fotografia de Mateus Bonomi, a folha deixa a mensagem “Supremo assume Legislativo e agrava crise na Venezuela” Vejam, não é no Brasil. Apenas, a fotografia da esquerda é que mostra um Juiz, representante do Judiciário se abaixando em um momento, cujo fotógrafo e os responsáveis pela edição da capa do Jornal, viram uma grande leitura nesta imagem.

No subtítulo está escrito “Corte acusa Parlamento de desrespeitar a constituição; oposição fala em golpe de Estado, e vizinhos criticam” Novamente, a fotografia ao lado  exibe o equilíbrio do poder e logo adiante, temos a forca, cuja origem está na veste branca e limpa e o final da corda, o negro está pisando com a ponta de um de seus pés.

O negro está de costa para o poder e de frente com a figura de sandálias humildes, que também não manifesta o rosto. E o Juiz da fotografia, também está abaixado perante o poder representado no quadro acima dele. Quem é este poder, que na ilustração estava com roupas da nobreza, contemporâneas do Brasil escravista? Como este poder se apresenta nos dias de hoje? Se na fotografia, o poder não teve corpo, também, caro leitor, atualmente, o poder do grande capital não mostra nem os pés, porém, após muitas metamorfoses desde o século XVI, o dragão continua muito vivo e caso pense em fazer oposição se lembre da forca, ela está ao lado do branco da paz.


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