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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Raízes da problemática escolar: violência e aprendizagem


Joaquim Luiz Nogueira 

“Mais comunicação significa em um primeiro momento, acima de tudo, mais conflito” Peter Sloterdijk

A questão que intriga os educadores atualmente passa pelo aumento a cada ano da violência apresentada pelos alunos que adentram os espaços escolares. Slavoj Žižek tenta esclarecer isto da seguinte forma:

A questão é que a violência subjetiva e objetiva não podem ser percebidas do mesmo ponto de vista: a violência subjetiva é experimentada enquanto tal contra o pano de fundo de um grau zero de não violência. E percebida  como uma perturbação do estado de coisa “normal” e pacífico. Contudo a violência objetiva é precisamente aquela inerente a esse estado “normal” de coisas. A violência objetiva é uma violência invisível, uma vez que é precisamente ela que sustenta  a normalidade do nível zero contra a qual percebemos algo como subjetivamente violento. Assim a violência sistêmica é de certo modo algo como a célebre “matéria escura” da física “ZIZEK , 2014, p17 -18).


Na escola temos uma violência objetiva, percebida por funcionários, professores e equipe gestora, que na maioria das vezes, são orientados por um pano de fundo de grau zero da não violência, que interpreta apenas como perturbações normais, sem uma busca pela origem de tais comportamentos.
Desse modo, alguns teóricos que escrevem livros e artigos no campo da educação, não conseguem constatar essa violência objetiva e narram seus pontos de vistas como se ela não fosse real, mas gerada pela falta de conhecimento, organização e incapacidade de relacionamentos interpessoais de educadores  para com os  alunos.
No entanto, essa violência invisível aos teóricos e técnicos da educação moderna, sustenta os defensores da normalidade de nível zero, que não percebem ou é cômodo não ver, o avanço sistêmico da violência entre as crianças, e desse modo, as escolas, as famílias e a sociedade, cada vez mais, são vistas como produtoras da violência.

Enquanto a grande mídia e muitos teóricos da educação se engajam na busca de babás trogloditas e professores vítimas da violência subjetiva do nível zero, as escolas tendem a continuar sendo palco de uma ampliação comunicativa sem limites e de muitos conflitos, cujo desfecho, levam muitas  crianças a não terem futuro e muitos   profissionais da educação as licenças de  saúde e a exoneração.  

Livro: Violência: seis reflexões laterais 
São Paulo, Boitempo, 2014 

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