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sábado, 13 de agosto de 2011

Uma leitura semiótica da obra de Kobra em Atenas

A evolução humana em milhares de anos nos ensinou que a luta pela sobrevivência jogou a espécie de hominídeos uns contra os outros a partir das primeiras invenções chamadas de ferramentas e sendo vitoriosas, as tribos munidas de armas como o machado de pedra, a lança de ossos e o fogo entre outras.

Nessa obra, o artista Eduardo Kobra, escolhe Atenas para criar o mural denominado “Evolução Desumana”. Trata-se de uma sobreposição de imagens, cujo início começa sugestionando que o homem evoluiu de certo tipo de macaco, que ao longo do tempo se levanta graças ao poder de algumas ferramentas que os dois últimos seguram em suas mãos.

E ao sobrepor com a imagem seguinte, um soldado moderno, numa posição semelhante aquele que leva o fogo, também leva uma arma que lhe obriga segurá-la com as duas mãos. E numa sequência, a cena se quebra pelo clarão das chamas e vários homens tentam fugir das labaredas carregando suas ferramentas poderosas.

E a imagem termina com esses soldados fugindo, mas na trilha de fuga, aparece novamente um símio e seu filhote, que posicionados numa superfície de rocha, ignoram todo o perigo. Os homens armados correm da morte, enquanto os animais parecem não perceber ou simplesmente, viram suas costas, cruzam os braços e olham para a terra, esperando que algo aconteça.

O fogo que significou um dos maiores avanços tecnológicos do homem primitivo, que lhe permitia andar de cabeça erguida, enquanto lhe sobrava uma mão para fazer outras atividades, foi substituída na fase seguinte por uma arma que lhe ocupava suas duas mãos e lhe obrigava a olhar apenas para ela. Essa ferramenta cegou o homem pelo seu poder destrutivo, cujo resultado final segundo a sequência de imagem, será o fim de todos.

Talvez, os símios colocados no final da imagem estejam nos comunicando que não evoluímos muito como seres humanos, mas, as ferramentas, essas sim, passaram a ditar os rumos de uma luta desumana, que mesmo sob ameaças de destruição total, não abrimos mãos de seu poder.

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