
Joaquim Luiz Nogueira
Porque um casal de sabiá laranjeira, em um espaço urbano, escolheu entre tantas casas, prédios, igrejas, árvores, bosques e outros, uma escola pública para gerar sua futura família?
Essa questão é pedagógica, pois se observarmos do ponto de vista do pássaro, o prédio escolar é ocupado em três períodos: manhã, tarde e noite e no mês de outubro, também aos sábados. Nesse sentido, o fator decisivo seria a produção de resultados a curto prazo, já que poderia aproveitar o turno da noite iluminado para cumprir sua meta na construção do ninho.
Por outro lado, pensou o casal de pássaros, "quando nos afastarmos do ninho para nos alimentarmos, a escola oferece toda segurança que precisamos". "Nesse espaço há um ser humano que todos chamam de diretor, que tudo indica deve ganhar bem, já que se fala muito sobre ele na escola," argumentou a sabiá fêmea.
Logo em seguida, o sabiá macho acrescentou de forma rápida: "Meu amor! Não se esqueça daqueles seres humanos que conseguem cuidar de 40 crianças por várias horas em espaços fechados com paredes e portas. Ufa! Também devem ganhar bem."
"É isso, estamos investindo no lugar certo," afirmou a mãe pássaro. "Aqui, todos parecem estar com a cabeça cheia de afazeres, é claro, as crianças concentradas nos estudos e os professores só passam por esse corredor de forma apressada, pois, diferente de nós, cuidam de crianças em vários lugares."
Segundo o “Aurélio”, fábula é uma narrativa breve destinada a ilustrar um preceito, ou seja, um ensinamento. Por outro lado, pode ser usada alegoricamente, ou seja, ter a intenção de dizer uma coisa para dar idéia de outra. Embora no texto haja uma mistura de gêneros, a fábula sobressai na maior parte da narrativa e traz algumas ironias que eu acho, são usadas em forma de crítica: “... a escola oferece toda segurança...”, “... todos chamam de diretor, que tudo indica deve ganhar bem,...”, “... as crianças concentradas nos estudos”, entre outras. Todas essas afirmações ilustram as crenças que a comunidade tem em relação à escola pública que sabemos na pele ser outra realidade. Como sabemos, toda fábula tem uma moral no final, arriscaria uma: “A escola pública seria orgulho para a comunidade no dia em que os diretores fossem bem remunerados, quando ela garantisse a segurança dos alunos e quando as crianças se concentrassem nos estudos.”
ResponderExcluirFantástica conclusão Prof. Ivan. É isso mesmo, mas enquanto não somos valorizados, temos que ouvir o sabiá laranjeira e depois acreditar em duendes e papai noel. Do contrário não sairemos de casa todos os dias para trabalhar.
ResponderExcluir