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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Pedagogia da mediação e os destituídos de mundo

Joaquim Luiz Nogueira

Na sociedade de hoje, segundo Slavoj Zizek , a linguagem tornou-se o meio por excelência da não violência. Numa perspectiva mais conservadora, sabemos que as pessoas e seus desejos eram alimentadas no sentido de que para o Bem, a liberdade era incentivada de forma infinita, porém o mal, tinha limitações desde a infância dentro da família, da escola e da religião.
Nas últimas décadas, a linguagem tornou-se o último recurso na pedagogia das mediações. Zizek nos fala que “o real ganha sentido através da linguagem” isto é, a experiência da situação do momento passa a constituir os sentimentos. E esses são: “sustentados pela linguagem e pelo universo simbólico”
O que equivale dizer segundo Zizek “que uma cor passa a dar o tom do todo”. Seria algo semelhante a grande mídia sensacionalista, que está sempre alimentada por uma tragédia, até que outra venha  substituí-la. Neste aspecto Zizek cita o antropólogo Malinowski para explicar a “função fática” ou comunhão, isto é, fórmulas ritualizadas para “manutenção das relações sociais, saudações e conversas”.
Trata-se de uma comunicação entre emissor e receptor com a função de metalinguagem, isto é, uso de um mesmo código, vejamos o exemplo dado por Zizek que se referiu como “capitalismo e discurso científico”, ou seja, “O fato do capitalismo não ser justo constitui um dos traços fundamentais daquilo que o torna aceitável para a maioria”.
O uso da linguagem como mediadora tornou-se muito necessária a partir do momento em que o capitalismo criou, na visão de Zizek “ os destituídos de mundo. Esses são também os destituídos de significados e de cartografia cognitiva” Pessoas  com “crise de sentido e desintegração da identidade”.
O contraste nesta sociedade de hoje está entre o prazer, que não é igual entre os indivíduos, não como todos terem prazer ao mesmo tempo, então, o que é igual, está junto a proibição, essa pode ser para todos,.Porém, contudo, todavia, estamos segundo Zizek, “na sociedade permissiva  o mandamento é prazer”.
Voltando aos destituídos de mundo, esses são movidos de acordo com Zizek “pela inveja, avareza e melancolia”, isto é, “o sujeito da inveja é o avarento que possui o objeto e não tem o prazer”. De outro lado, o melancólico “tem acesso a tudo o que quer, mas sem nisso encontrar satisfação”.   


Fonte: Livro: Violência / Slavoj Zizek 

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