Joaquim Luiz Nogueira
O mundo do século XXI, é interrogado por Slavoj Zizek como o século do sujeito
pós- traumático, desengajado e sobrevivente de contextos de extrema violência:
Se o
século XX foi o século freudiano, o século da libido, de modo que esses piores
pesadelos foram incorporados como vissitudes
(sadomasoquistas) da libido, o século XXI não será o século do sujeito pós- traumático,
desengajado, cuja primeira imagem emblemática, a do muselmann dos campos de concentração, multiplica-se na
forma de refugiados, vítimas de terrorismo, sobreviventes de catástrofes
naturais ou da violência familiar ? A característica comum a todas essas
figuras é que a causa da catástrofe permanece sem significado libidinal,
resiste a qualquer interpretação (ZIZEK, 2012, p. 202)
Trata-se de um século, cujos benefícios
do capital proporcionaram o máximo de vida luxuosa a uma parcela da população
das grandes metrópoles. Esta é uma das primeiras cenas imitadas no vídeo de Gangnam Style.
No mundo do século XXI,
segundo Zizek, temos fortes interferências, e essas, muito próximas da natureza
selvagem e que não podemos interpretá-las:
“No caso dessas intromissões do real nu e cru “toda hermenêutica é impossível” (...) não
pode ser interpretado (ZIZEK, 2012 p.202) Vejamos uma segunda cena do vídeo de Gangnam Style, que mostra os
animais inspiradores de sua dança. .
A mescla entre os passos de cavalos e o estilo de vida tecnológico e luxuosos das academias de danças modernas, trama movimentos, cujos gestos, não fazem muito sentido, mas contagia o público ao misturar o andar dos cavalos ao fundo do vídeo, a sensualidade do corpo feminino e a ironia do vestuário do cantor que lidera a dança ao apresentar a elegância aliada a natureza instintiva dos animais. Veja abaixo:
Em sua dança no vídeo, enquanto o cantor avança para frente, usando o estilo do cavalo e sob um fundo urbano com o verde das árvores. Do outro lado, temos duas mulheres com trajes em cores diferentes, acompanham a sua dança, mas andam para trás, enquanto, entre eles e os prédios, uma escada mostra seus degraus que avançam até a altura de suas cabeças. Veja na cena abaixo:
O estilo Gangnam da letra da música citado junto a cena acima,
também incorpora o passeio em iates de luxo, mesclado a sonhos infantilizados
de barcos no formato de aves e diferentes edifícios ao fundo, sendo sua
atitude, a mistura entre natureza,
tecnologia urbana, existência humana e desejos mágicos da infância.
A cena abaixo exibe um carro
de luxo estacionado em uma garagem de muito espaço, mas ocupada apenas por um
único veiculo vermelho. A cor forte do mesmo contrasta com o amarelo vibrante
da vestimenta da dançarina. A ideia é chamar atenção com ostentação, cuja dança
do cavalo, mistura o gesto dos animais a elegância dos poderosos, numa demonstração
sem sentido, mas cativante pela exibição que liga dois extremos:
artificialidade e natureza bruta.
Seu estilo mostra que os poderosos ricos, assim como ele, também usam o
banheiro. Assim, a dança com gestos inspirados nos animais, lembra as pessoas
que parte delas ainda não resistem a vibração animalesca e como um balbuciar
contagiante levou o público de milhões de internautas a dançar.
E para levar as pessoas do
século XXI, que graças ao avanço da tecnologia e a violência banalizada pelas mídias e jogos eletrônicos, pressupondo que uma
grande maioria da população mundial, sejam pessoas pós-traumática, segundo Zizek,
para despertá-las, o vídeo utiliza até explosões de bombas, veja abaixo.
Desse modo, o estilo Gangnam Style, cenas abaixo, mostra uma sobreposição de pessoas, que dançam no rítmo do andar do
cavalo, enquanto o outro ser humano, encontra se postado como se fosse o
animal. Aqueles que simulam a montaria e o balanço contagiante da cavalgada,
exibem prazer e alegria e, de maneira
nenhuma, retiram a felicidade daqueles que estão na posição do
animal. Eles também dançam e se divertem, independente do lugar que se
encontram.