De acordo com Slavoj Zizek[1] , a consciência primeira de um ser humano foi produzida pelo processo evolutivo com a finalidade de favorecer a sobrevivência em relação a qualquer objeto que venha ameaçar o indivíduo. Nesse sentido, ouvimos constantemente dentro de uma escola:
- Não olhe para mim!
- Não me toque!
- Não vou fazer nada!
- Não obedeço ninguém!
São reações primárias de sobrevivência dos seres humanos, cuja finalidade é a sobrevivência. Se a consciência “surge como resultado de um encontro com o Real” (Zizek, 2006), a escola é a pedra no caminho das crianças, pois sua função é a de prepará-las para situações em que tudo pode dar errado.
Segundo Zizek, a consciência humana é algo que ocorreu de forma acidental no processo evolutivo, isto é, trata-se de um processo secundário para ajudar na sobrevivência de algo terrível que poderá acontecer. É nesse sentido que a escola também atua quando sua finalidade é:
- Preparar os alunos para o futuro;
- Cobrar normas de conduta das crianças;
- Ensinar novas palavras a partir da escrita;
- Educar para a não violência.
Desse modo, a função da escola está vinculada à construção de uma segunda consciência para sobrepôr-se a original, isto é, criar obstáculos diante dos adolescentes ou simular realidades que os mesmos só poderão encontrar no futuro. A ação da escola entra em confronto com a consciência primeira do ser humano, aquela destinada somente às regras evolutivas da sobrevivência.
[1] Slavoj Zizek e Glyn Daly. Arriscar o impossível. São Paulo, Martins Fontes, 2006