Joaquim Luiz Nogueira
No momento em que nos encontramos, nossos alunos, principalmente aqueles que já estão nas séries finais do Fundamental II e Ensino Médio, parecem desejar nos comunicar que não querem mediadores. Assim, a presença da família junto à escola torna-se cada vez mais rara, já que também buscam controlar e orientar os filhos a partir de celulares. Esse comportamento, segundo Barbero* é comum na internet, veja o que ele diz:
“No conceito de comunidade há sempre a tentação de devolver-nos a uma certa relação não mediada, presencial. Essa é um pouco a utopia da internet. A utopia da internet é que já não necessitamos de ser representados, a democracia é de todos, somos todos iguais”.
Os profissionais que trabalham na escola pública convivem com a insegurança no trabalho, que cada ano, fica mais difícil assegurar os seus postos de trabalho. A terceirização avança, a municipalização aperta, a progressão continuada mostra a sua face e tudo sugere certa perca do sentido. Sobre isso, fala Barbero:
“O medo da insegurança na vida laboral, o sistema necessita cada vez menos de mão de obra, o mundo do trabalho se desconfigurou como mundo de produção do sentido da vida”.
Teoricamente, ouvimos os discursos pedagógicos que pregam “uma escola democrática”, cujos envolvidos na escola: pais, professores, funcionários, alunos, parceiros e comunidade, devem ser tratados como iguais em seus direitos. Para responder a esse refrão utópico, Vejamos Barbero:
“Mentira, nunca fomos, nem somos, nem seremos iguais. E, portanto, a democracia de todos é mentira. Seguimos necessitando de mediações de representação das diferentes dimensões da vida”.
Desse modo, precisamos da mediação dos pais e responsáveis de corpo presente na escola, de governantes que valorizem os profissionais da escola, proporcionando-lhes condições dignas de trabalho e de salário, isto é, que correspondam a altura do nosso papel na sociedade. Sem bons mediadores, a sociedade se transformará numa grande rede mesclada, mas poucos serão capazes de encontrar a saída nesse labirinto.
*Jesús Martín Barbero Folha de São Paulo - 23 de agosto de 2009 – cad. Mais – pg.10