Jaquim Luiz Nogueira
Aqueles
que não foram escolhidos como participantes do topo do grande capital se
transformaram na base para todas as políticas de Estado, cujas normas e
condutas se derivam do ponto de vista das condições daqueles que foram excluídos.
Walter Benjamin chamou esta versão de messiânica, ou seja, para ele foi uma
alternativa para se contrastar com o progresso capitalista.
Para
alguns teóricos como Hannah Arendt e Judith Butler, trata-se da noção kantiana
de Juízo reflexivo, que considera o ponto de vista dos outros na ação do
pensamento. Neste aspecto, o pensar implica numa socialidade ou pluralidade,
espécie de processo psicológico por meio do exercício do julgar.
Arendt,
por sua vez, adverte os povos sobre a política que promove a incapacidade de
pensar nas pessoas, isto é, de exercerem o juízo independente, de criticarem e
de poderem se distanciar das exigências que as políticas lhes impõem. Deve-se pensar
sobre as normas que governam a política e evitar a obediência cega ou agir como
o governante agiria.
Segundo
o pensamento de Arendt, muitas pessoas se tornaram historicamente instrumentos de
políticas genocidas, pois perderam a capacidade de pensar, sendo formadas de
modo que não lhes foram mais possível o pensar. Elas passaram agir sem julgar,
formulando e executando leis brutais de forma normatizada, constituindo o
fracasso em pensar e julgar, portanto, não exercem a liberdade necessária para
se transformarem numa pessoa.
A
pluralidade de acordo com Butler é constituída pelo juízo, ou seja, uma
representação da própria pluralidade e, desse modo, o diferente é a base do
juízo, espécie de voz legítima, pois esse fala como um “Nós” . Este último
torna-se o veiculo da esperança ao preencher com visões discordantes, emotivas
e divididas, iniciativas plurais que formam algo não depende de nenhuma lei
existente.
De
acordo com Hanna Arendt, a responsabilidade das pessoas não pode ser entendida
como uma lealdade acrítica. Ela acrescenta que, às vezes a desobediência é
justamente nossa responsabilidade. As pessoas devem salvaguardar a pluralidade
humana, principalmente o ato de pensar e de julgar que constituem o indivíduo.
Pensar
implica pluralidade, estar na companhia dos outros e agir em comum com eles. É
a linguagem o tipo de ação que dá existência a uma realidade, sendo que, o
pensamento é germinado pela ação, e esta, tem a socialidade como aquilo que o antecede
ou permite o pensar.
A
socialidade se torna uma característica incentivadora em todo e qualquer
pensamento, sendo o diálogo, algo que não pode ser separável da pluralidade, e
isto, é que torna possível a existência do indivíduo. A pluralidade é o lugar
do pertencimento, da luta, da preservação da heterogeneidade da vida humana.
A
interdependência que constitui as pessoas como seres pensantes, sociais,
corporalizados, vulneráveis e passionais. Tais modos de interdependência são
movidos por política social.
Fonte;
Butler,
Judith, Caminhos Divergentes: judaicidade e critica do sionismo: São Paulo,
Boitempo, 2017.
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