A obra de arte como
mecanismo de provocar mudanças pode ser uma das intenções de John Barker e dos
curadores da 31ª Bienal de Artes de São Paulo, quando decidiram expor ao
público brasileiro, esta visão caótica que joga para o observador, a
responsabilidade de buscar sentido.
Mesmo que o observador não tenha conhecimento
das pessoas famosas envolvidas na trama pelo artista (Rei Juan Carlos e a
feminista boliviana Domitila Barrios), a imagem assombra pelo contraste ao
inverter a ordem biológica na trama de conotação sexual.
No livro de Slavoj Zizek “Bem vindos ao deserto do real”, ele comenta que quando se tem pressa para
mudar uma sociedade a partir da opinião pública das massas, alguns terroristas
fazem opção por bombas, que segundo ele, a intenção é de sacudir os indivíduos
usando meios não convencionais.
Dessa maneira, a obra de
arte de Barker nos provoca ao inverter a ordem das relações, que numa leitura
de percurso de baixo para cima, temos diversos capacetes de soldados com furos
semelhantes a tiros ou pancadas, ou seja, destruídos e a figura do Rei logo
acima deles em uma posição nada confortável, já que está vomitando vegetais
sobre aqueles símbolos que estão se desfazendo.
Acima do Rei, aparece a
figura da líder trabalhista e feminista usando um capacete semelhante àqueles
usados por trabalhadores, sugestionando que as mulheres ingressaram no mercado
de trabalho e ganharam força com as líderes feministas, sobrepondo-se aos
valores monárquicos.
E por último, um cão com as
orelhas atentas, agarra-se a mulher numa posição de conotação sexual, manifesta
alegria ao estar no topo da inversão construída
pelo artista, e uma conclusão ingênua, talvez, arriscaria pensar sobre a
História Social e os avanços pós monarquias no mundo, cuja derrota dos soldados
nazistas foram seguidas pela queda do prestígio das monarquias e pelo sucesso
das mulheres no mundo do trabalho e os avanços na defesa do direito dos animais
na atualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário