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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A cultura do vidro e do aço das grandes cidades segundo Walter Benjamin


Joaquim Luiz Nogueira 

Estamos vivendo numa época de grandes transformações advindas das tecnologias de guerra, mísseis inteligentes e guiados ou aviões invisíveis aos radares. E deste contexto de guerra, segundo Walter Benjamin, herdamos nossa experiência, chamada de moderna, logo após a Primeira Guerra Mundial.
Tal experiência de guerra ou de sobrevivência, que de acordo com Benjamim, ela atua como algo desmoralizante, já que as novas técnicas são acompanhadas por uma nova miséria, cuja  estruturação também se deu no inicio do século XX, junto aos conceitos da arquitetura moderna que trazia elementos como o vidro e o aço, a fantasmagoria e a galvanização.
Segundo  Benjamin, esses foram os novos conceitos da barbárie, feitos para direcionar os próprios bárbaros, no sentido de impedimento  que eles fossem adiante e obrigá-los a começar novamente suas vidas, ou seja, deviam contentar-se em construir seus projetos com pouco. Essas novas técnicas surgiram para transformar homens antigos em criaturas novas e com linguagens diferentes, mesmo que de forma arbitrária, porém decisiva e construtiva, contrastando com a dimensão da realidade orgânica.
A nova linguagem advinda das técnicas modernas se recusa a fazer semelhanças com os conceitos de humanidade e estão a serviço das transformações da realidade. Walter Benjamin, ao falar da cultura do vidro e  aço nas grandes cidades diz que se trata de materiais duros, lisos, frios, sombrios, sem aura e inimigos do mistério.
Essa nova arquitetura, segundo Benjamin, apaga os rastros do passado e força as pessoas para aquisição de novos hábitos  de ajustamento  e desapego dos objetos. Sendo assim, as novas experiências advindas desta cultura do vidro e do aço, leva os indivíduos às aspirações por libertação de todas as experiências anteriores a partir da ostentação da pobreza externa e interna.
As pessoas passam a consumir tudo o que está o seu alcance e isto as levam para o cansaço e a falta de iniciativa, o que, mesmo neste estado, ainda sonham quando dormem, diminuindo as tristezas e os desânimos, passam a crer em milagres, e que esses, posam ajudá-las a superar os contextos das novas técnicas.

Para Walter Benjamin, neste contexto, as pessoas fatigadas unificam-se em seus olhos: natureza e técnica, primitivismo e conforto. Dessa maneira, ficamos mais pobres para sobrevivermos a nova cultura, que ainda nos obriga a sorrir, ao abandono do patrimônio humano em nome do “atual”. Ela troca o Deus humano por um Deus bárbaro e neste sentido, obriga os indivíduos a se instalarem novamente, mas com poucos meios, sendo solidários e com aquisição de capacidades para renúncia.

Fonte da imagem:http:// construro.com/arquitetura 
Livro: Walter Benjamin / Obras Escolhidas/Magia e Técnica/ Arte e Política

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