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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Traumas Escolares: uma semelhança com os traumas da guerra

 


                                                                                                                 Joaquim Luiz Nogueira

Livro: O corpo guarda as marcas Bessel VanDER Kolk; Trad. Donaldson M.Garschagem. Rio de Janeiro. Sextante,2020.

 

Neste livro, o pesquisador Bessel Van DER Kolk, faz uma pesquisa com soldados americanos que retornaram da guerra do Vietnã. Os traumas destes soldados passaram a incorporar em suas vidas, certas repostas automáticas, que somaram as suas vidas familiares após a guerra. Tais sintomas provocaram distúrbios mentais e violência diante de qualquer contexto familiar ou da vida em sociedade, cujas lembranças traziam à tona contextos vividos.  

Portanto, em um paralelo, podemos afirmar que traumas escolares vividos por professores e demais funcionários da educação pública podem ter impactos profundos na saúde mental e no desempenho profissional, além de afetarem o ambiente escolar como um todo. Esses traumas podem ser gerados por diversas situações ao longo da carreira, criando marcas emocionais difíceis de superar.

Neste artigo, faço um paralelo com situações e contextos vividos no espaço escolar brasileiro nos últimos trinta anos, cujas mudanças nas legislações que regem as famílias, os menores de idade e a educação escolar pública, as quais exigiram dos gestores, professores e funcionários um leque de funções que ultrapassaram o limite do suportável, tendo como resultado fatos e ocorrências traumatizantes para todos os envolvidos.

São exemplos de traumas escolares, a violência física e verbal por parte de alunos, pais ou responsáveis. Insultos, ameaças e desrespeito constantes. O assédio moral no ambiente escolar pode ocorrer tanto entre colegas quanto entre gestores e professores ou funcionários. Situações de humilhação, críticas exageradas ou cobranças excessivas e sem apoio adequado podem gerar um trauma significativo. Além disso, a pressão dos órgãos superiores, como secretarias de educação, para cumprimento de metas pode gerar uma carga emocional intensa.

A rotina de trabalho exaustiva e a sobrecarga de tarefas, combinadas com a falta de recursos, infraestrutura concentrada e turmas superlotadas, reduzidas para o burnout. Conflitos com alunos e falta de disciplina, desvalorização Profissional e cobrança sobre a responsabilidade com a evasão escolar. Todas estas situações levam para problemas como saúde mental, baixa qualidade de ensino, afastamentos e abandono da profissão, sem falar ainda nos relacionamentos conflituosos que antecedem estes acontecimentos.

Entre os sintomas mais comuns que podem ser manifestados por traumas vividos por uma pessoa estão o sentimento de angústia. Este, provoca sensações intoleráveis, que pode causar desde queimação na boca do estomago até aperto no peito, tais sintomas resultam em medo e sensações de desamparo, em algumas situações, podem levar para atitudes antissociais, ansiedade, irritação e nervosismo.

As narrativas das pessoas traumatizadas possuem perspectivas que dependem do nível de informações que foram incorporadas as raízes da linguagem. É desta origem que se manifestam a criação de histórias coerentes ou incoerentes, cuja mente, rastreia o passado e faz as devidas conexões com experiências vividas.

De outro lado, o contato com a situação presente, ativa a auto percepção com base em situações concretas ou físicas. Se neste momento, sentir-se em segurança, há uma comunicação desta experiência com a realidade. Pois, o emocional pode fazer a leitura interna da pessoa e assim, construir uma narrativa equilibrada. No entanto, caso seja de um sentimento de insegurança ou de doenças físicas e mentais, logo, a narrativa será comprometida, sendo incoerente ou perturbada.

Os traumas criam e intensificam raivas, apatias, insônias e pesadelos que provocam mudanças nas pessoas, já que os traumas passam agir como um corpo estranho, um agente que assume certas funções junto as decisões e ações. Podem atuar no corpo como uma espécie de infecção ao interferir em interpretações e discursos, desse modo, resultará em duas opções distintas, isto é, o sentimento de ser outra pessoa ou a sensação de inutilidade, como se fosse “ninguém”.

Entre as possíveis estratégias de apoio e de intervenções, podemos citar: o apoio psicológico, que raramente chega até o chão da escola, um ambiente de trabalho saudável, muito difícil de encontrar no espaço da escola, uma formação continuada com qualidade, de preferência em ambiente de universidade e com tempo adequado, não no ambiente do cotidiano da escola. Medidas de segurança e de disciplina propicia as condições para o ensino e aprendizagem, juntamente com a valorização daqueles que trabalham na função de ensinar e a redução da carga de trabalho, também pode fazer a diferença necessária. 


sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Escola da Barbylandia

 


Joaquim Luiz Nogueira 


“Sucesso é a melhor vingança”.
Renfield: Dando Sangue pelo Chefe (filme)

Nesta teoria da barbylandia, cada um dos dias letivos ou não letivos, são todos os melhores, assim como, o ontem e o amanhã, ambos até a eternidade, serão dias maravilhosos. Desse modo, as pessoas só têm um final, isto é, seguir as ideias fixas que vivem para sempre.

Assim como a Barbie pode ser tudo, na escola da barylandia, também podemos ser qualquer coisa: professor, diretor, coordenador, psicólogo, psicanalistas, conselheiros, pacificadores, patologistas, segurança, competentes, habilidosos, eficientes, loucos, voluntários etc. 

Segundo a pedagogia da Barbylandia, somos vendedores de sonhos, imaginação e brilhos. Neste espaço os estudantes são acolhidos de acordo com a sua capacidade de sonhar e de imaginar desde já, as diversas maneiras de como podem construir o futuro para brilhar em suas carreiras profissionais.

Viver a realidade na escola é algo impossível, pois as pessoas terão de aprender a chorar, a reclamar, criticar, cobrar, apontar erros e outras saídas para os problemas. Se continuar neste ritmo, primeiro vai cair lágrimas e depois desmorona o mundo ideal.

 

Na pedagogia barbyana, o fato de ninguém estar apto a tomar decisões, transforma todos os dias letivos em um verdadeiro spar para o cérebro de quem trabalha na escola. Os conteúdos, as atividades, as normas de convivência, o que fazer hoje e amanhã já chegam todos decididos, decretados, portanto, é só alegria.

Neste aspecto, todos temos que ser avaliados com conceitos extraordinários, competentes e habilidosos. Mas, de alguma forma, parece que ainda temos o sentimento de que estamos fazendo algo errado, pois a realidade sempre nos assusta e provoca medo.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Pedagogia da sobrevivência: o mundo real e a teoria política

 


                                                                                                       Joaquim Luiz Nogueira 

“No momento que você aceitar que
não é possível lutar dos dois lados ao mesmo tempo,
 você perdeu sua alma”.  Slavoj ZIZEK
– Feira de Frankfurt 2023

 Texto inspirado pela leitura da tese abaixo " uma pesquisa sobre Moradores de Rua": de:

Costa, Cleylton Rodrigues da. "A rua educa": Pedagogia da resistência, sobrevivência e educabilidades de pessoas em situação de rua em Mossoró/RN / Cleylton Rodrigues da Costa. - Natal, 2023. 160 f.: il.    

Nos últimos anos, trabalhar na escola de uma rede pública no Brasil, significa uma luta para a sobrevivência, cujo lema, inclui a necessidade de organizar o espaço para obter êxito em sua prática, isto é, mudar constantemente, assim que as trocas ou combinados comecem a ficar frágeis. As práticas escolares são sempre atividades situadas, já que dependem de situações do momento ou das circunstâncias, pois são demarcadas simbolicamente por localidades de ocupação da comunidade escolar de acordo com o sentido que elas dão em suas formas de interpretações, ou seja, as coisas que valem para suas casas, ruas e demais lugares, dão sentido e ganham a representatividade para atuar de maneira semelhante.

Estudantes e seus familiares apresentam flexibilidades temporais e, direcionam os tempos de acordo com suas práticas de liberdade para obterem sustentos necessários à sua sobrevivência. As gramáticas das comunidades também exemplificam as práticas produzidas por eles nos espaços escolares quanto as estratégias e normas aprendidas e adquiridas nos espaços em que vivem.

As maneiras encontradas de como sobreviver passam por variedades e flexibilidades e vão depender das suas reais necessidades diante do que precisam do espaço escolar e do tempo em que se encontram no momento. Suas vidas se conjugam, (ligam, unem, associam) inevitavelmente, a vida escolar, as ruas, e com a dos outros moradores da comunidade.  

Trata se de uma vida em busca de vínculos, seja com pessoas ou com a escola, pois tais vínculos asseguram e contribuem para suavizar sentimentos diversos, entre eles, busca de atenção, amparo a solidão e a constante insegurança.  A saída na maioria das vezes se encontra na capacidade de se flexionar (adquirir forma diferente) que faz refletir a diversidade de estratégias de sobrevivência dos estudantes e de seus familiares.

Uma das estratégias usadas por estudantes e seus responsáveis está no uso do conflito como um mecanismo para organizar um todo desorganizado, no qual, as contradições coletadas oferecem outras saídas para os problemas cotidianos. Neste cenário, as crises sociais (fome, desigualdade, saúde, educação) significam a ausência da interação e de organização em suas vidas, ou seja, são fenômenos que escancaram cada vez mais as problemáticas e as patologias sociais. Assim, quando os problemas se tornam permanentes, passam a justificar o desempenho e o comportamento dos estudantes na escola.

 

A conscientização de estudantes e familiares em situações de vulneráveis no sentido de aprender conteúdos das disciplinas perdem espaços para a urgência do viver, beber e comer. A escola tem de compreender o pensar e a forma de viver de sua comunidade, a interpretação dos territórios e os sentidos expressados, assim como, os sonhos construídos junto aos desejos e medos, logo, todas as coisas escondem uma outra coisa.

Nos últimos anos pós-pandemia (COVID 19) o medo se intensificou entre as comunidades escolares, isto é, passou a ser vivido, neste aspecto as pessoas permanecem a todo momento buscando se proteger diante de qualquer ameaça real ou imaginária e os comportamentos oscilam entre abandono de tudo ou certa agressividade constante.  

A escola enquanto instituição de ensino e aprendizagem passa a se constituir também como local de reabilitação forçada de estudantes com depressão, crise do pânico, esquizofrenia, autistas, deficientes intelectuais, entre outros. A forma como este processo ocorre a partir da legislação e sem mudanças nas estruturas físicas e humanas, coloca os estudantes vulneráveis e suas famílias dentro de um processo em que a escola não está preparada para atender de forma satisfatória, inviabilizando o processo da instituição.

No entanto, torna se difícil ou não é possível modificar comportamento de uma classe tão rapidamente, tendo que educá-los em relação aos seus hábitos e costumes, até vícios vividos por alguns, para refazer todo o comportamento de uma turma ou da escola para acolher, conviver e permanecer com o diferente.

Há uma necessidade de aprender novas táticas para sobreviver dentro da escola e enfrentar o viver do pós - Covid-19, Os estudantes e seus familiares como vulneráveis passaram por diversos fracassos e se constituíram como parte de uma sociedade que não deu certo enquanto espaços de (moradia, emprego, saúde, educação). Uma crise que a pandemia escancarou e só agravou os problemas já existentes, levando a condição humana para novos aprendizados, numa busca de ser mais, acrescentando mais multiplicidade ao comportamento.

Neste contexto pós-pandemia, os estudantes e familiares tem como lema não desistir, lutar e resistir contra uma estrutura de sociedade e comunidade que precariza suas vidas, principalmente quando buscam sobrevivência, trabalho e resistência. As comunidades vulneráveis compactuam com a escola uma transferência de saberes, experiências e práticas de aprendizagem, usadas para se manterem vivos, elementos que são resultados de múltiplos processos enquanto atores de diversas estratégias de sobrevivência e de diversas produções de conhecimento.

A escola produz socialização e, desta forma, educação, isto é, uma tarefa de reflexão dialógica para pensar a função da instituição. A comunidade vulnerável como produtora de outros saberes e práticas de anunciação para uma outra pedagogia, advinda do espaço em que eles habitam, constroem e destroem, lugar de vivência e sobrevivência.

Perceber as várias formas de interpretar os espaços de vivencias, das trocas físicas e simbólicas necessárias para a condução de suas vidas nestes lugares. Compreender como se constroem as diversas formas de ser, muitas delas relacionadas a suas leituras de si e do mundo em constante mudanças de casas bairros, regiões e até cidades. Neste aspecto podemos aprender novos modos de ser, conviver e de ensinar, pois a situação de vulnerabilidade nos leva para um fenômeno que também nos obriga a construir um novo conjunto de saberes não escolares, não curriculares, mas necessário para aprendizagem daqueles que trabalham e dependem do salário para sobreviver em uma escola.

A pedagogia da sobrevivência aponta para um processo de ensino-aprendizagem que está além do currículo e dos documentos escolares e universitários. Trata-se de compreender códigos e símbolos usados pela comunidade escolar vulnerável para que não morram de fome ao ter que viver em situações de risco.  Aprender com a experiência dos sujeitos vulneráveis, a sabedoria tocada pelo acontecimento real, aquele que produz o novo sentido de estar no mundo segundo a lógica do imprevisível, oculto, líquido e contingente.

Os saberes desta pedagogia da sobrevivência passam por códigos que compõem o currículo de sobrevivência nas periferias urbanas, reconstruído diariamente, sem medida provisória ou decreto legal, mas por situações corriqueiras, por sujeitos históricos e suas localidades. Nestes espaços temos uma relação pendular de amor e ódio pela vulnerabilidade, de solidão e solidariedade, de morrer e viver que constrói o sujeito de múltiplas aprendizagens dentro da vulnerabilidade.

Compreender esta pedagogia da sobrevivência significa perceber na vulnerabilidade o que existe e deve existir dentro das salas de aula, ou seja, é o que tanto se fala de ensinar e aprender. Trata-se do sujeito que vive por meio dos processos de reciprocidade, isto é, constroem os seus saberes, suas habilidades e suas competências cotidianamente de maneira espacial, simbólica, histórica e situacional.

A primeira preocupação de estudantes e familiares vulneráveis é a forma de viver, é daí que se aprende o que fazer ou não fazer nos lugares que frequentam diariamente. O segundo objetivo é de permanecer vivo, isto reflete sobre o que ele deve fazer ou não fazer para obter comida, saciar a sede e não ser agredido ou morto. Existir na vulnerabilidade significa aprender ações e reflexões diariamente durante o percurso de situações, contextos e grupos dos diversos lugares que frequentam.

É na heterogeneidade da vulnerabilidade que nos permite perceber a diversidade de viver na vulnerabilidade. Portanto, temos as famílias que preferem viver na e da vulnerabilidade e aquelas que precisam ou querem sair da vulnerabilidade. E outras que gostam da vulnerabilidade, mas também há aquelas que odeiam o espaço em que vivem.

Muitos vivem em situações de vulnerabilidade é ao mesmo tempo provam a dura desigualdade social e a ausência do Estado e mesmo assim permanecem aberto à relação com o outro. Trata-se de uma pedagogia de sobrevivência crítica e reflexiva para lutar e existir contra a estrutura e sobreviver apesar da ausência do Estado.

 


quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A Pedagogia para obter resultado

 



Joaquim Luiz Nogueira

Fonte: História das ideias pedagógicas no Brasil

Demerval Saviani 

A competência é emergida nos anos 60 como fruto do behaviorismo, identificada nesta fase inicial como objetivo que o aluno deveria atingir para realizar as operações, isto é, adquirir competências pela via cognitiva, segundo Saviani. ” Competência adquirida por esquemas construídos pelo sujeito e interação com o ambiente, equilíbrio e acomodação “.

Mas logo em seguida, a pedagogia da competência, rompe com esta interação das pessoas com o seu meio (neoconstrutivismo) e passa a desprezar os conceitos de meio cultural-social do indivíduo, assim como os chamados conhecimentos prévios.

As competências cognitivas ganham forças nas afetividades emocionais. Saviani afirma que a competência nesta fase se funde com o “neopragmatismo”, então, torna-se “verdade elidida”, ou seja, veracidade suprimida. Elas podem ser adquiridas por mecanismos adaptativos do meio natural e social, ou seja, as pessoas podem ser ajustadas ao “processo produtivo”, mesmo que não estejam totalmente competentes.

A ideia é que a produção aumente com o trabalho não pago, o que Saviani define como “criação de valor de troca ou obter o máximo com o mínimo”. Aqui, vamos abrir parênteses para mostrarmos a fusão da: Pedagogias Tecnicistas de um lado - nela têm aquilo que de acordo com Saviani, os princípios de racionalidade e que nos anos 70, perseguia as iniciativas individuais com controle e direcionamento do Estado. De outro lado, a Pedagogia dos anos 90, que valoriza os mecanismos de mercado, com apoio da iniciativa privada, ONGˢ e parcerias público-privadas. Essa última, busca flexibilizar o processo; trata-se de uma inspiração que de acordo com Saviani, seria do Toyotismo. E depois, o neotoyotismo, busca atualizar as pessoas, deslocando-os novamente do eixo de processo de aprendizagem para o de resultado.

O foco passa a ser a avaliação, sendo esta, encarregada de garantir eficiência e produção. Ela ganha o papel principal, a bola da vez, do Estado e da União. Estudantes, gestores e professores devem ser avaliados a partir de resultados obtidos. Esse foco no resultado abre espaço no Brasil para penetração da Pedagogia Corporativa, que de acordo com Saviani é para atender a determinados nichos do mercado.

A pedagogia da “Qualidade  Total” defende a satisfação total do cliente e os funcionários devem vestir a camisa da empresa. A ideia é gerar competição entre os trabalhadores em torno do empenho pessoal com objetivos e metas. Os professores que ensinam são considerados, nesta teoria, como “prestadores de serviços”, os alunos tornam-se clientes, numa visão que a educação é um produto e que pode ser produzida com qualidade variável.

É a concepção da produção de diversos saberes ou diversidade, alunos diferentes com instituições diversificadas. Os clientes da escola são a comunidade e as empresas. Neste sentido, devem ficar satisfeitos. O professor, educador das novas gerações deve se transformar em treinador, isto é, para Saviani, a educação deixa de ser um trabalho de esclarecimentos e de conscientização para ser um trabalho de doutrinação, convencimento e treinamento para o mercado.

Trata-se de uma pedagogia que exclui as pessoas e depois tenta incluí-las, definida por Acácia Kuenzer, como “exclusão includente”. Segundo Saviani, o trabalhador é primeiro excluído do trabalho formal e depois incluído na informalidade. Caso queira voltar para o emprego formal perderá vários direitos e sofrerá diminuição de salário. Eis o drama atual do professor na visão de Saviani. Ele também é vítima da inclusão excludente.

 

 


Como atuar na escola segundo a Pedagogia Quântica

 


Pedagogia Quântica

Joaquim Luiz Nogueira

https://gestaodosucesso.blogspot.com/2023/07/por-uma-pedagogia-quantica.html

Nossa função enquanto professores ou gestores será:

a)     Garantir a sobrevivência da escola, embutindo nela a competência para lidar com os estímulos perturbadores da comunidade escolar;

b)    A desordem trazida pelo coletivo torna-se a fonte da ordem, pois ela, incorpora o processo do crescimento, isto é, uma ordem sem controle.

c)    No entanto, devem se manter abertos, ou seja, temos de aprender no desequilíbrio, sobreviver no limite entre ordem e o caos;

d)     Permanecer à espreita, dialogar constantemente com os envolvidos, buscar uma abordagem geral para atender a complexidade em que vivemos;

e)    Na teoria da complexidade temos a pesquisa daquilo que emerge, isto é, a tentativa de entender e explicar as propriedades do novo em uma abordagem não - linear, cuja afirmação nos diz que, o coletivo pode ser mais importante que as partes, então, as conotações, a criatividade, a novidade e a surpresa emergem da estrutura via conexões entre os envolvidos;

f)      O motor da complexidade reconhece que a existência é o resultado do processo de informação;

g)    Temos que autorrenovar, isto é, acompanhar a mudança passo a passo, agindo em sintonia com ela, isto é, a escola tem de reagir como um sistema que se auto-organiza, inteligente o bastante. para processar as informações que chegam com os estudantes e sua comunidade escolar;

h)    Na escola em que todos aprendem, o papel dos docentes, funcionários e gestores será operar na construção de uma teia que estabeleça um contexto adequado para permitir a emergência da criatividade na adaptação e sobrevivência, com base, na primazia da responsabilidade individual e na formação do futuro de cada pessoa;

i)     Os fins e as condições para atingi-los não são fixos nem estáveis. Essas coisas têm que ser vistas como consequências de processos adaptativos (processos de aprendizado);

j)     Os processos permitem à escola responder ao inesperado, isto é, não significa nem impor, nem pressupor resultados ou métodos, pois o futuro é aberto e depende das interações entre os envolvidos;

k)    As adaptações que os professores, gestores e estudantes praticam são sinônimos de aprendizagem, significa o aprender para sobreviver;

l)      São os elementos adaptativos que nos ensinam algo para a vida real;

m)  A criatividade e a aprendizagem consistem em resistir aos processos fechados, seletivos ou padronizados;

n)    Fortalecemos naquilo que nos alimenta, isto é, na evolução e na existência de multiplicidade e variedades, ou seja, a possibilidade de múltiplas escolhas.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

João Carlos Figueiroa

 Um grande ser humano passa atuar em outra dimensão, morre em Botuatu, João Carlos Figueiroa. 

                                                                                                            Joaquim Luiz Nogueira 


Conheci João Carlos Figueiroa  no ano de 2009, quando cheguei em Botucatu, ele me recebeu no Centro Cultural, na Sala Prof. Raymundo Marcolino da Luz Cintra e ofereceu seu apoio, sendo o apresentador de minha noite de lançamento do livro "Saiba Como Obter Suceso em Contextos Sociais Diferente" que ocorreu numa sexta feira, 18 de dezembro de 2009. 


A frente da cerimonia de lançamento, ele conseguiu emocionar a todos com seu conhecimento e humildade, caracteristica de sua pessoa.  Estava sempre pronto para ajudar a todos que lhe procurava no Centro Cultural. O mesmo ocorreu em sexta-feira, 28 de outubro de 2016, Noite de lançamento do Livro sobre a História da  EE Prof. José Pedretti Neto.  Ele participou desde a pesquisa deste projeto, quantas vezes, mesmo aos sábados, ele me recebia no Cewntro Cultural e me apresentava os jornais da época, década de 1970, com recortes sobre a inauguração  da escola e fatos importantes em Botucatu que eram contemporâneos da necessidade daquela jovem escola estadual.


Ele compareceu na noite de lançamento e nos ajudou junto aos outros convidados daquele dia significativo para a comunidade escolar da EE Prof. José Pedretti Neto. Sua contribuição junto a minha pesquisa e o seu apoio, ficará para sempre em minha memória. Obrigado por tudo, pessoas com o seu conhecimento e humildade, não encontramos com facilidade, portanto, fica aqui minha homenagem e gratidão. 

Joaquim Luiz Nogueira 



terça-feira, 11 de julho de 2023

Por uma Pedagogia Quântica

                     Por Uma Pedagogia Quântica

Joaquim Luiz Nogueira 


·         Este artigo tem como base o Livro: Em Busca da
Empresa Quântica - Clemente Nobrega



     A impressão de que as coisas estão além de nosso controle é o sintoma de nosso fracasso em entender uma realidade mais profunda da vida na organização escolar e na existência em geral. No contexto educacional e de ensino, as interconexões invisíveis, entre outras coisas, que a princípio julgamos separadas, porém, são elas que estão na base de tudo. Toda a realidade vem das relações com a comunidade escolar e os sistemas educacionais. 

A função de ensinar e de aprender representam um mar de infinitas possibilidades. Ela não nos diz o que o "evento" é, mas tudo o que o acontecimento pode ser. Não diz nada sobre "atualidades", só sobre as potencialidades dos estudantes, professores, gestores, familiares, entre outros elementos que compõem a teia de interconexões.  

No momento em que é feita a observação da situação pedagógica pelo professor ou gestor, a função de ensinar e de aprender colapsa para aquela forma em que o experimentador se preparou para detectar naquele momento de aula. Neste aspecto, a consciência abrange o reconhecimento e à aceitação do múltiplo, do ambíguo, do incerto, ou seja, aceitação de que há infinitas potencialidades - a escolha de uma delas faz com que, automaticamente, as outras desapareçam, pois, escolher é eliminar, segundo a visão da pedagogia quântica. 

Nesta visão, a pedagogia quântica se inspira no foco das relações que acontecem no ambiente da comunidade escolar, na qual se torna a base para todas as definições e decisões, isto é, nada fica isolado. A escola é a ponte entre o domínio das potencialidades e das atualidades. Através dela e da imaginação, entraremos em contato com o mundo das potencialidades, e escolheremos um foco para apoiarmos entre as muitas possibilidades.

Neste aspecto, interessa pouco falar no que o estudante "realmente é". Esqueça o que ele "realmente é". O que "realmente é" é aquilo que os professores, os familiares ou eles mesmos, dizem que realmente são. A realidade é aquilo que os indivíduos percebem como tal.

É a criação da realidade por participação ativa, pois, neste caso, o ambiente permanece não criado até que nós interajamos com ele. Enquanto o estudante não se engaja no contexto, não percebe como ele é. Seja qual for a natureza da realidade objetiva, só conseguirá apreendê-la através de narrativas, isto é, Histórias que levem à ação pedagógica desejada.

Na escola existe uma tendencia instintivamente mecanicista, que enfatiza o ponto de vista de algo como certo, isto é, único, pois segundo este pensamento só há uma maneira de olhar as coisas e interpretá-las. Logo, não existem tolerância para ambiguidade ou para ideia de que é possível obter resultados fora do contexto do "ou isso ou aquilo” que tanto nos perturba e incomoda.

Neste sentido, uma afirmação ou é verdadeira ou é falsa. Um curso de ação, ou bom ou mau. Nada de nuança ou paradoxo. A multiplicidade e a variedade não cabem nesse modelo de linearidade na qual abrange a grande maioria dos modelos de avaliação em vigor atualmente.

Portanto, as interconexões não são nada demais no modelo máquina que estão em vigor nas avaliações contemporâneas, mas são tudo no modelo da pedagogia quântica, pois no modelo máquina, “coisa”, leva ao confronto e ao conflito entre todos, já que a disputa e a luta pela supremacia da maneira "certa" de ver e de fazer leva para fórmulas e apontamentos de caminhos únicos.

No contexto da pedagogia quântica é o oposto de tudo isso, nele não há lugar para fórmulas ou checklists, pois ele é “fluido” e nada de "faça isso ou esse é o caminho". O importante é o engajamento participativo dos docentes e funcionários com os estudantes e familiares, ou seja, com as pessoas, com os eventos que criam a realidade, já que os avanços ou o sucesso só pode emergir de um contexto que seja rico em relações.

O ambiente escolar não vai avançar enquanto o modelo mecanicista de receituários estiver sendo aplicado, isto é, ele serviu bem na era da simplicidade, porém não funciona mais neste momento de complexidade em que vivemos hoje. Agora é a lógica do diálogo que tem de ocupar o centro, sem ela, não  podemos construir novos resultados.

Na pedagogia quântica o investimento emocional que se coloca no processo é que se torna a chave para a (posse) da aprendizagem, pois chamar a atenção dos estudantes ou obrigá-los a aceitar certas realidades que eles não desejam, não possuem efeitos satisfatórios. Para eles, não há realidade se eles não participarem do processo ou de sua formulação, isto é, só podem tomar consciência de um plano através da participação nele. A escola quântica é a flexibilidade à procura de significado, não demonstração de força ou de poder.

A impressão de que a escola está fora de controle é um sintoma do fracasso em entender uma realidade mais profunda do espaço escolar e da vida dos estudantes. Os velhos vícios do raciocínio linear, sequencial, que nos acompanham implacavelmente, terão de fato de ser abandonados.

É numa visão mais integrada que a solução interage, isto é, da dinâmica do sistema e da comunidade escolar, pois, é daí que tudo emerge, não dos efeitos isolados de cada estudante ou docente. Evoluímos do objeto para o símbolo e deste, para a linguagem e desta última para a comunicação, ou seja, para o diálogo e as perguntas, já que seres vivos respondem desordem com vida renovada, organizada, mais complexas e inteligentes.  

Nossa função enquanto professores ou gestores será garantir a sobrevivência da escola, embutindo nela a competência para lidar com os estímulos perturbadores da comunidade escolar; A desordem trazida pelo coletivo torna-se a fonte da ordem, pois ela, incorpora o processo do crescimento, isto é, uma ordem sem controle.

No entanto, os sistemas escolares criativos devem se manter abertos, ou seja, tem de aprender no desequilíbrio, sobreviver no limite entre ordem e caos, espécie de linha criativa usada pelos sistemas biológicos vivos. Permanecer à espreita, dialogar constantemente com os envolvidos, buscar uma abordagem geral para atender a complexidade em que vivemos.

A teoria da complexidade é a pesquisa daquilo que emerge, isto é, a tentativa de entender e explicar as propriedades do novo em uma abordagem não - linear, cuja afirmação nos diz que, o coletivo pode ser mais importante que as partes, então, as conotações, a criatividade, a novidade e a surpresa emergem da estrutura via conexões entre os envolvidos.

Portanto, o motor da complexidade reconhece que a existência é o resultado do processo de informação, assim, temos que acompanhar a mudança passo a passo, agindo em sintonia com ela, isto é, a escola tem de reagir como um sistema que se auto-organiza, inteligente para processar a informação que chega com os estudantes ou comunidade escolar e se autorrenovar.

Na escola em que todos aprendem, o papel dos docentes, funcionários e gestores será operar na construção de uma teia que estabeleça um contexto adequado para permitir a emergência da criatividade na adaptação e sobrevivência, com base, na primazia da responsabilidade individual na formação do futuro de cada pessoa.

Neste aspecto, os fins e as condições para atingi-los não são fixos nem estáveis. Essas coisas têm que ser vistas como consequências de processos adaptativos (processos de aprendizado). Estes processos permitem à escola responder ao inesperado, isto é, não significa nem impor, nem pressupor resultados ou métodos, pois o futuro é aberto e depende das interações entre os envolvidos.

As adaptações que os professores, gestores e estudantes praticam são sinônimos de aprendizagem, significa o aprender para sobreviver. São estes elementos adaptativos que nos ensinam algo para a vida real. A criatividade e a aprendizagem consistem em resistir aos processos fechados, seletivos ou padronizados. Pois, o que alimenta a evolução é a existência de multiplicidade e variedades, ou seja, a possibilidade de múltiplas escolhas. 

terça-feira, 13 de setembro de 2022

A Função da Escola Pública no Pós Pandemia

 

A Função da Escola Pública no Pós Pandemia

                                                                                     JOAQUIM  LUIZ NOGUEIRA 

*  Apresentar o mundo do novo normal

*   Adaptar-se as novas formas de consumo

*   Compreender e trabalhar a partir do não linear

*   Entender que a escola sozinha não forma os estudantes


O mundo do chamado “novo Normal” quebrou na mente dos estudantes a obrigatoriedade da frequência escolar física, eles perderam a capacidade de frequentar um mesmo lugar de segunda a sexta, pois suas abrangências de mundo abraçaram universos muito maiores, que não possibilitam mais ao corpo físico acompanhar todos estes pontos nos quais julgam como de grande importância para sua vida.

Desse modo, os estudantes mesclam o corpo físico, o virtual e o imaginário, já que do ponto de vista deles, o espaço físico torna algo semelhante ao virtual, ou seja, o local onde se situa pode simplesmente se comunicar com qualquer outro onde suas necessidades o levarem. E a ordem de importância ou valor quem deve decidir seria ele mesmo, isto é, tudo muito rápido, basta clicar.

As novas formas de consumo facilitaram a exposição do produto via tela de celulares e computadores, tudo ao alcance de alguns cliques, apenas visualização, desejo, gosto e pronto, a imagem já ganha status de pertencimento, pois aparece no carinho de compra, dai até a chegada do produto nas mãos pode ter um longo processo e talvez, nem ocorrer de verdade, mas a sensação de possuir e adquirir já alimentou o indivíduo.

As frustrações derivadas deste processo são compensadas com novas formas de consumo virtuais, cujas selfs ou ostentações de imagens, palavras, frases, entre outras, dominam o vocabulário dos estudantes, e que, de maneira alguma, possuem semelhanças com aquilo que são lhe apresentados na escola. Pois, nas salas de aula com ensino presencial, os docentes são guiados por currículos, construídos pela esfera federal e estadual, cujas finalidades teóricas e introdutivas os tornam abrangentes ao máximo, porém, avaliações externas e vestibulares buscam conhecimentos específicos de conteúdo, habilidades  e competências, que estão distantes dos universos reais dos estudantes.

A nova função da escola pública neste contexto do não linear, passa por uma etapa de reflexão, ou seja, parar e observar o universo dos estudantes que chegam até a sala de aula, pois as diversas demandas abrangem desde o psicológico até as consequências econômicas daqueles que fazem matrículas na escola pública. A compreensão deste universo que nutrem os estudantes com alimentos, vestimentas, lazer, saúde, moradia, amizades, relacionamentos, segurança, direitos, educação, cultura, entre outros, são de extrema importância para os rumos da formação.

A função da escola pública que recebe toda essa gama de diversidades sociais, por meio de matricula obrigatória dos estudantes, logo, deve se preparar também para aprender com as novas demandas advindas de um processo contemporâneo de mudanças de valores, cujos métodos tradicionais de ensino tornam-se sem sentido para uma geração nutrida com uma avalanche de informações a cada clique do celular ou computador.

Neste aspecto, a escola sozinha não possui mais o controle daqueles que fazem matrículas, muito menos, das condições que terminam um ano letivo ou uma etapa de quatro ou cinco anos. Os chamados Conselhos de série e classe com a participação de mestres, alunos, responsáveis, funcionários, não possuem mais a compreensão do “Todo” já que, o estudantes em sua maioria  não possuem linearidade na frequência escolar e fora da escola, seus universos são outras preocupações com urgências que não podem ser ignoradas por eles.

Podemos concluir que a escola pública, assim como outras instituições, tais como a saúde, a segurança, entre outras, recebem incumbências na ordem do idealismo de cada usuário que procuram estas instituições, talvez, no imaginário daqueles que conheceram a mesma instituição no passado, nos livros, na TV, na novela; etc. Na realidade, o hoje em cada instituição citada, está muito diferente do passado, ou seja, teoria e prática estão se mesclando para apresentar algo que ainda não possui uma nomenclatura definida.  


segunda-feira, 13 de junho de 2022

Pedagogia da Escuta

 


Pedagogia da Escuta

                                                                               Joaquim Luiz Nogueira

Essa pedagogia com origem na Itália[1], destinada ao desenvolvimento da aprendizagem infantil, chega no Brasil impulsionada pelo Ministério Público, que sugere seu uso na escola junto a resolução de conflitos. “DIÁLOGOS E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NAS ESCOLAS Guia Prático para Educadores”

A Pedagogia da escuta sugere ouvir a comunidade escolar desde o estudante até suas famílias, no sentido de que a escola possa se construir com contextos diversificados e que reconheça as infinitas maneiras de ser estudante, isto é: dedicar-se naquilo que gosta, realizar novos desafios, ter foco, questionar a realidade, ser respeitoso e consciente, assim como, fazer seus deveres, entre outros.

Junto as famílias notamos que: temos que demonstrar respeito pelo diferente, reconhecer suas ideias e opiniões. No atendimento na escola vamos diagnosticar se o pai ou responsável possui as seguintes características: necessidade de controlar e intimidar; acha natural que sua maneira de falar e agir é natural de sua pessoa; costuma fazer comentários depreciativo dos outros; possui argumento irrelevantes semelhantes a um ataque ou tenta se impor, não aceita ouvir outros pontos de vistas.

Para aqueles que estão nas lideranças das escolas não se devem  dominar pela agressividade do outro, ou seja, deve usar a inteligência emocional, cautela, paciência e autocontrole. Nesta pedagogia, valores como o lugar do coletivo e a escuta sensível deve ser usada para se conectar com o outro, o lema a ser enfatizado é: “na escola todos os sujeitos são aprendizes”

Neste sentido a escola deve fazer um plano de convivência escolar, cujo objetivo seja: prevenir e buscar uma boa convivência, transformando “cotidianos de risco” em “espaços protetores”. Neste plano a escola deve: capacitar os estudantes para fazerem um diagnóstico da comunidade escolar via um questionário por classe e no final, elaborar regulamentos coletivos e criação de hábitos de mediação, círculo de paz e práticas restaurativas.

De acordo com Marshall Rosenberg, psicólogo americano, falecido em 2015, defensor da não violência, que recomenda diante de situações agressivas: continuar humano, mesmo em condições adversas, "Ressignificar" a fala para se tornar empático, algo que nasce da compaixão.

 Para Rosenberg, o ambiente familiar pode ser o causador de grandes conflitos, pois não podemos controlar as ações dos outros, mas podemos mudar a nossa reação à elas pelo domínio das emoções.

 



[1] https://lunetas.com.br/pedagogia-da-escuta/  veja neste link toda a teoria da Pedagogia da escuta na Itália.

 


quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Pedagogia do autoconhecimento


                                                              Joaquim Luiz Nogueira 

A Pedagogia do autoconhecimento, que abrange uma espécie de “terapia do ser” na qual, o sujeito busca conhecer suas limitações e ainda respeitar as dos outros. Tal incumbência, que agora chega como exigência para os profissionais da educação, também se torna mais um mecanismo na tentativa de que os professores sejam modelados pelas normas legalistas, elaboradas a partir do desejo de novos produtos do consumo coletivo.

Em nome da relação educativa entre professor e estudante, que prega o autoconhecimento pedagógico como primeiro passo rumo a melhorias para o docente e o discente, com uso de conceitos como aliança, cooperação mútua, e participação, onde ambos podem expressar ideias e sentimentos, valores e até crenças, numa utopia chamada de comunicação pedagógica eficaz.

 

“Conhecimento pedagógico significa conhecer seus potenciais recursos internos, habilidades e limitações em relação a si mesmo e aos outros. Isso implica um aumento das responsabilidades e aspirações dos professores de participar ativamente de seu próprio desenvolvimento. Assim, seu potencial autoconhecimento pedagógico é o primeiro passo no processo de autoconhecimento pessoal e profissional. Tem o efeito de otimizar a relação educativa, desencadeada pela necessidade de ser eficiente em qualquer atividade docente. A eficácia da educação depende muito da qualidade da relação professor-aluno. Este deve ser de aliança, participação e cooperação mútua, sendo possível expressar ideias e sentimentos, valores e crenças no repertório comum de professor e aluno da turma. Em essência, garante uma comunicação pedagógica eficaz. Implica desenvolver uma relação empática com o aluno, confiança mútua, respeito mútuo, alta disponibilidade, cognitiva e afetiva e motivacional.”

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1877042813029479 
Pesquisa:  Autoconhecimento e Desenvolvimento Profissional - Condição Educacional Sustentável de um Relacionamento

 

A defesa de uma pedagogia do autoconhecimento para o Ensino fundamental e médio, como se propõe em documentos oficiais que estão chegando na escola pública, implica de um momento para outro, logo em meio a um período de pandemia e um longo período de ausência de aulas presenciais, na retomada com esta visão motivacional e afetiva, como se trabalhar com ensino fosse algo que não exige por parte do estudante, uma atitude de educação.

 

Os entusiastas desta pedagogia do autoconhecimento falam em “Ajudar cada pessoa a se livrar de si mesma”, ou seja, como se fosse possível deixar de ser ela mesma, isto é, de esquecer os traumas, apagar a genética, controlar o sistema nervoso ou tornar se um estudante dedicado.

 

Neste sentido a pedagogia do autoconhecimento estabelece que “O papel do professor não é avaliar o aluno ou responder por ele, mas ajudá-lo a reconhecer quem ele é”.  A pergunta, quem sou eu? Esta questão, feita pelo sujeito professor, a ele mesmo, com certeza já não obtém nenhuma resposta na grande maioria dos indivíduos adultos, portanto, uma criança ou adolescente, jamais estão preparados para chegar a esta resposta.

 

Aumente a inteligência: busca por significado. Buscar sempre a formação
integral Vá além das aparências com um olhar aprofundado Ajude cada pessoa a se livrar de si mesma
O autoconhecimento é necessário para uma educação transformadora, que permite a todos se engajarem na transformação da sociedade. O papel do professor não é avaliar o aluno ou responder por ele, mas ajudá-lo a reconhecer quem ele é, para se construir, para avançar na definição do seu projeto profissional. Esse processo pode ser comparado à construção de um portfólio de "autoconhecimento", conhecimento que está sempre em movimento. Este trabalho pode gerar motivação. https://www.assomption-france.org/rubriques/gauche/centre-de-ressources-pedagogiques/partage-doutils-pedagogiques/module-daccompagnement-crpa-connaissance-de-soi

 

 

Não se constrói nada sem um bom planejamento, o fato de comparar esta pedagogia de autoconhecimento a construção de um portfólio, é algo muito interessante, porém, quando um estudante coloca todas suas conquistas em um portfólio, provoca motivações, mas quando, junta todos os seus fracassos e traumas, cria agressividade, revolta e violência. No caso de computadores, o técnico pode formatar a máquina, no entanto, com seres humanos, ainda não inventaram nada semelhante para servir como ferramenta ao professor.