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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

O caixa da padaria e o professor no dia de atribuição de aulas



Joaquim Luiz Nogueira 

Se você entrar em uma padaria de uma cidade com alto índice de violência, assim que adentrar no recinto, a primeira pessoa que vai te observar é o caixa, caso você não se movimente diretamente para o balcão de cabeça abaixada, logo, já é suspeito. E o caixa ficará atento a todos os seus gestos.

Se você é professor da rede pública e precisa constituir jornada, no primeiro dia da atribuição ao chegar no recinto, vai logo observar se tem lista de classes com nomes das raridades, caso não consiga visualizar tais informações, as coisas tornam se confusas e o pânico alerta o docente para o perigo de constituir sua jornada com períodos e classes indesejáveis.

Se o suposto cliente da padaria está confuso e começa a visualizar outros espaços do recinto, o caixa levanta a cabeça numa reação de pavor, pois suas experiências traumáticas fazem conexões entre o comportamento do sujeito e de outros elementos durante assaltos anteriores.  

Se o professor está confuso, ele já entra em desespero, pois suas lembranças e traumas dos anos anteriores, voltam de forma instantânea em sua mente. Neste instante, assim como o caixa da padaria, o docente já direciona seu olhar para o responsável pela atribuição, de forma a interrogar sobre o que está acontecendo? O que mudou? Não vou ter aulas?

Ambos, o professor e o caixa da padaria são traumatizados por experiencias anteriores, cujo pânico que carregam com eles, despertam a cada situação estranha, logo, entra em cena o comportamento de vigilância. Portanto, ambiente de padaria e de dia de atribuição exigem muita calma e cuidado com movimentos e respostas bruscas, avisem com antecedência o que pretendem fazer, caso contrário, os traumas podem despertar a fúria.

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