Joaquim Luiz Nogueira
A
partir da década de 1990, nasce uma geração no Brasil, que sob a proteção da
Lei, em sua maioria não aprenderam estudar, trabalhar, respeitar, esforçar,
levantar cedo, entre outros. No lugar destes valores essenciais para o mundo do
trabalho, as ruas, os colegas e o mercado, apresentaram para estas criaturas, o
mundo livre de normas e regras, comandado apenas pelo desejo imediato de serem
felizes.
Os
filhos da pátria dos anos 1990, hoje com 27 anos, ainda receberam uma
orientação de pais, avós e familiares de pessoas que nasceram antes desta Lei
do Menor. Para estes, temos como dialogar, pois conheceram palavras como
trabalho e respeito aos mais velhos muito cedo. Porém, a geração, filhos do
Estatuto do Menor que já estão procriando, somam indivíduos pais com suas
crias, sem tantas regras, normas, respeito; etc.
Quando
alguém reclama das crianças destes jovens pais, adolescentes e jovens que
permanecem nas ruas ou nas escolas oferecendo todo tipo de mau exemplo. As
famílias se justificam que precisam trabalhar das 6 h da manhã até a noite,
pois não tem como cuidar dos filhos. Por outro lado, os Políticos e o
Judiciário que defendem a “Lei do Menor” empurram para as escolas a
responsabilidade de educar esta parcela da população para o mundo do trabalho.
Alguns
políticos até inventaram a escola de tempo integral, numa tentativa de agradar
de forma eleitoreira esses filhos da pátria. No entanto, como são poucas
escolas com este sistema, a maioria das crianças, adolescentes e jovens
continuam a maior parte do dia nas ruas. Eles formam o grande exército de
reserva do crime organizado, sendo a maioria destas crianças dependentes
químicos aos 12 e 13 anos, não lhe restam alternativas a não ser, prestar
qualquer tipo de serviço para pagar os produtos que consomem, cujo objetivo, é
apenas continuarem vivos e felizes.
Os
jovens, filhos do Estatuto do Menor, só podem trabalhar de verdade após 18
anos. É nesta fase, que alguns buscam empregos formais com registro em carteira
e se deparam pela primeira vez com normas, horários, princípios, regras,
respeito, vocabulário culto, etc. A escola que ele frequentou porque era
obrigado a comparecer pela Lei do Menor, sozinha, não conseguiu ensinar valores
do mundo do trabalho para essas crianças, já que as mesmas, não gostavam de
permanecer na sala de aula.
Com
determinadas exceções, alguns desses jovens, guiados pela sorte, conseguem
empregos formais, mas a grande maioria desta parcela da população vai modelar
toda a estrutura social, cultural e econômica do país. Usando palavras como
enxame, manada ou massa popular, com capacidade imensa de consumo, o mercado
nacional e internacional, juntamente com as grandes mídias constroem e apontam
novos rumos na ocupação destes filhos da pátria.
Uma
das promessas de emprego para a geração do Estatuto do Menor vem da tecnologia.
Neste segmento, realidade virtual se funde com trabalho, sendo um simples
clicar no celular ou computador, o gesto suficiente para adentrar no mundo das
múltiplas possibilidades. Este encontro entre realidade bruta e extrema destes
jovens despreparados para o emprego formal com a virtualidade da internet gera
uma nova fronteira, espécie de novo mundo, que joga o futuro totalmente
desconhecido, como um jardim das delícias para os filhos desta Lei tão defendida
por muitos brasileiros.
Os
empregos para esta geração, provavelmente não devem vincular valores como:
horários fixos de entrada e saída, assim como regras, normas, vocabulário
culto, escrita da Língua Portuguesa, rotina, esforço, metas, objetivos, leituras,
pesquisas, entre outros. As chamadas plataformas, sistemas, cursos EAD,
híbridos, todos estão neste horizonte de facilidades.
Resumindo,
trata-se de ocupações com promessas prazerosas, cujo período de trabalho tenha
diversas opções de horários, facilitado por uso de tecnologias, espaços
confortáveis, sem regras e normas rígidas.
Detalhe, tais jovens preferem
começar ganhando bons salários, sem sacrifícios, já que a Lei do Menor protegeu
toda sua trajetória de infância, para que não carregassem traumas para a vida
adulta.
Interessa
para maioria dos jovens, o trabalho fácil, sem muito esforço e altamente
lucrativo em curto prazo. Este lance foi captado rapidamente pelo crime
organizado, que oferece desde muito cedo aos adolescentes, pequenas doses de
felicidade e tarefas rápidas bem remuneradas. Bastam algumas horas de trabalho
divertido, para que o resultado seja compensado com motos e até carros.
Como
jovens prodígios, protegidos por Lei, aprenderam que sem esforço, trabalho,
sacrifício ou estudo conseguem felicidade. É possível que algumas empresas
consigam reverter isto, porém, a missão está próxima do impossível, pois a infância
seria a fase apropriada para aprendizagem dos valores do trabalho.
Até
o momento, poucas organizações estão oferecendo oportunidades de empregos
formais para jovens desta geração, (salvo exceções) uma delas é a indústria da
tecnologia de ponta, cujos interesses estão voltados para o consumo de produtos
como celulares e jogos eletrônicos. Também já existem empreendedores que
contratam para trabalhos manuais e o pagamento é feito com entorpecentes.
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