Joaquim Luiz Nogueira
Estamos
vivendo numa época de grandes transformações advindas das tecnologias de guerra,
mísseis inteligentes e guiados ou aviões invisíveis aos radares. E deste
contexto de guerra, segundo Walter Benjamin, herdamos nossa experiência,
chamada de moderna, logo após a Primeira Guerra Mundial.
Tal
experiência de guerra ou de sobrevivência, que de acordo com Benjamim, ela atua
como algo desmoralizante, já que as novas técnicas são acompanhadas por uma
nova miséria, cuja estruturação também
se deu no inicio do século XX, junto aos conceitos da arquitetura moderna que
trazia elementos como o vidro e o aço, a fantasmagoria e a galvanização.
Segundo Benjamin, esses foram os novos conceitos da barbárie,
feitos para direcionar os próprios bárbaros, no sentido de impedimento que eles fossem adiante e obrigá-los a
começar novamente suas vidas, ou seja, deviam contentar-se em construir seus
projetos com pouco. Essas novas técnicas surgiram para transformar homens
antigos em criaturas novas e com linguagens diferentes, mesmo que de forma
arbitrária, porém decisiva e construtiva, contrastando com a dimensão da
realidade orgânica.
A
nova linguagem advinda das técnicas modernas se recusa a fazer semelhanças com
os conceitos de humanidade e estão a serviço das transformações da realidade.
Walter Benjamin, ao falar da cultura do vidro e aço nas grandes
cidades diz que se trata de materiais duros, lisos, frios, sombrios, sem aura
e inimigos do mistério.
Essa
nova arquitetura, segundo Benjamin, apaga os rastros do passado e força as pessoas
para aquisição de novos hábitos de
ajustamento e desapego dos objetos.
Sendo assim, as novas experiências advindas desta cultura do vidro e do aço,
leva os indivíduos às aspirações por libertação de todas as experiências anteriores
a partir da ostentação da pobreza externa e interna.
As
pessoas passam a consumir tudo o que está o seu alcance e isto as levam para o
cansaço e a falta de iniciativa, o que, mesmo neste estado, ainda sonham quando
dormem, diminuindo as tristezas e os desânimos, passam a crer em milagres, e que
esses, posam ajudá-las a superar os contextos das novas técnicas.
Para
Walter Benjamin, neste contexto, as pessoas fatigadas unificam-se em seus
olhos: natureza e técnica, primitivismo e conforto. Dessa maneira, ficamos mais
pobres para sobrevivermos a nova cultura, que ainda nos obriga a sorrir, ao
abandono do patrimônio humano em nome do “atual”. Ela troca o Deus humano por
um Deus bárbaro e neste sentido, obriga os indivíduos a se instalarem
novamente, mas com poucos meios, sendo solidários e com aquisição de capacidades
para renúncia.
Fonte da imagem:http:// construro.com/arquitetura
Livro: Walter Benjamin / Obras Escolhidas/Magia e Técnica/ Arte e Política
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