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sábado, 7 de setembro de 2013

Uma leitura semiótica das fachadas das igrejas de Botucatu

     A arquitetura das Igrejas da cidade de Botucatu, cujas construções pertencem em sua maioria a primeira metade do século XX. Trata-se de majestosas obras históricas e manifestam os pensamentos predominantes nas primeiras décadas da República no Brasil, que segundo Gilberto Freyre “... um período de crescente desvalorização, dentro da própria Igreja, das tradições brasileiras  de arquitetura e de arte eclesiásticas; e de exagerada valorização não só do gótico como de italianismos e francesismos (...) (FREYRE,p.598, 1959).
   E por falarmos no estilo gótico, a Igreja Presbiteriana de Botucatu, que de acordo com João Carlos Figueiroa e colaboradores, registraram no livro “Botucatu História de Uma Cidade” a informação de que se trata de um “Edifício construído em estilo gótico inglês, utilizando materiais muito em moda na ocasião (uma cobertura de massa chamada mica) (...) (revestimento – igreja preta).

     O estilo gótico encontra-se nos traços pontiagudos acima das janelas e portas cujo contraste com a forma quadrada da torre rompe-se com o percurso visual e joga o olhar do observador novamente para os detalhes arquitetônicos do edifício que mescla traços de colunas gregas e no centro da fachada, bem no alto, encontramos uma bíblia aberta. 


    Abaixo temos outra arquitetura interessante, e esta, denominada pelo livro “Botucatu História de Uma Cidade” como Igreja Presbiteriana Independente, cujo percurso visual contrasta em sua base a porta de entrada quadricular e acima três janelas com traços góticos. Ao final temos a torre no formato quadrado e uma mescla com desenhos góticos com pequenas pirâmides nos cantos do edifício e no ápice da torre, uma espécie de flor de lis, comum ao estilo arquitetônico gótico.




Ainda seguindo o estilo gótico da arquitetura das igrejas, temos a catedral da cidade, cujas torres podem ser observadas dos bairros. O percurso visual de sua fachada também tem início em uma porta central de forma quadricular, contrastando com o desenho gótico apontando para a rosácea central, que segundo o livro Símbolos Místicos  “significa amor ao círculo e as relações geométricas nas arquiteturas góticas, que desde o século XII, na qual a arte, a filosofia e a religião combinadas criaram algumas das arquiteturas mais dramáticas que já se viu”.(MALLON  p.248;2009 ).
       Após a rosácea central, os traços góticos finalizam no símbolo da cruz, tendo ao lado, as torres góticas que se elevam em direção do céu, e mais uma vez, duas cruzes finalizam o olhar do observador. 

 Logo abaixo, mais uma arquitetura que se destaca aos olhos do observador, cuja cruz no alto de sua torre, inicia o percurso visual apontando para o estilo gótico da arquitetura se contrastando com a interrupção do relógio, que corta o traço de forma brusca, mas harmonizada pelo círculo e o arco, ambos, presentes na construção e que apresenta em frente a rosácea a imagem de Nossa Senhora de Lourdes.
     Abaixo da imagem, situado no ápice do estilo gótico da arquitetura e entre simulações de colunas gregas, descem em direção a porta, onde uma gruta central, apresenta a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e uma escada ao lado que  eleva o olhar para o céu novamente.


      E seguindo o roteiro dos estilos góticos da cidade, vamos a dois bairros, cujas igrejas, também  proporcionam uma leitura interessante. A primeira, assim como as anteriores se destaca pela torre elevada com o símbolo da cruz, que seguindo percurso visual, temos um traço arquitetônico com um semi-arco e nas extremidades anjos como sentinelas e no centro, o relógio passa a ideia de tempo.
      O tempo apontado pelo relógio nos conduz para as colunas em estilo grego que sustentam a torre, apresentando entre elas duas janelas em arco romano e abaixo, formas quadradas de uma porta cega, cujas extremidades se alargam para abrigar uma imagem sacra a cada lado. Três círculos com vitrais formam com a porta de entrada o símbolo da cruz, que parece convidar o observador a entrar na igreja pela estrutura da cruz, já que ao lado, duas portas cegas não permitem sua passagem.  



E agora, nossa viagem pelas igrejas de Botucatu, talvez aquela com uma torre mais baixa, mas mesmo assim, nos desperta por sua arquitetura com o mínimo de gótico na fachada, apenas na parte final da torre que se eleva com o símbolo da cruz, pois logo abaixo, duas janelas em arcos romanos criam um paralelo com a estrutura central, cujo arco e o círculo também sustentam a outra cruz.

   E ao lado do símbolo central, algumas formas, cujas semelhanças nos levam a pensar em elementos da natureza, que observadas da rua, parecem pequenas árvores de natal e uma terceira figura muito mais pontiaguda aponta para o céu e mais abaixo, a esquerda, o que poderia ser uma segunda torre, com uma enorme janela finalizada em arco e se separa por uma cruz de outra janela semelhante no lado direito e entre elas, abaixo da cruz ou entre dois braços desta, encontramos novamente a porta da igreja. 




 Mais sobre arquitetura histórica de Botucatu 
Bibliografia
Freyre, Gilberto. Ordem e Progresso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959
Mallon, Brenda. Símbolos Místicos. São Paulo: Larousse, 2009.
Figueiroa, João Carlos e outros autores. Botucatu: História de Uma Cidade. Botucatu: Igraul, 2004. 

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