A arquitetura das Igrejas
da cidade de Botucatu, cujas construções pertencem em sua maioria a primeira
metade do século XX. Trata-se de majestosas obras históricas e manifestam os
pensamentos predominantes nas primeiras décadas da República no Brasil, que
segundo Gilberto Freyre “... um período de crescente desvalorização, dentro da
própria Igreja, das tradições brasileiras
de arquitetura e de arte eclesiásticas; e de exagerada valorização não
só do gótico como de italianismos e francesismos (...) (FREYRE,p.598, 1959).
E por falarmos no estilo gótico, a Igreja Presbiteriana
de Botucatu, que de acordo com João Carlos Figueiroa e colaboradores,
registraram no livro “Botucatu História de Uma Cidade” a informação de que se
trata de um “Edifício construído em estilo gótico inglês, utilizando materiais
muito em moda na ocasião (uma cobertura de massa chamada mica) (...) (revestimento
– igreja preta).
O estilo gótico encontra-se nos traços
pontiagudos acima das janelas e portas cujo contraste com a forma quadrada da
torre rompe-se com o percurso visual e joga o olhar do observador novamente
para os detalhes arquitetônicos do edifício que mescla traços de colunas gregas
e no centro da fachada, bem no alto, encontramos uma bíblia aberta.
Abaixo temos outra arquitetura interessante,
e esta, denominada pelo livro “Botucatu História de Uma Cidade”
como Igreja Presbiteriana Independente, cujo percurso visual contrasta em sua
base a porta de entrada quadricular e acima três janelas com traços góticos. Ao
final temos a torre no formato quadrado e uma mescla com desenhos góticos com
pequenas pirâmides nos cantos do edifício e no ápice da torre, uma espécie de
flor de lis, comum ao estilo arquitetônico gótico.
Ainda seguindo o estilo gótico da arquitetura das igrejas,
temos a catedral da cidade, cujas torres podem ser observadas dos bairros. O
percurso visual de sua fachada também tem início em uma porta central de forma
quadricular, contrastando com o desenho gótico apontando para a rosácea central,
que segundo o livro Símbolos Místicos “significa
amor ao círculo e as relações geométricas nas arquiteturas góticas, que desde o
século XII, na qual a arte, a filosofia e a religião combinadas criaram algumas
das arquiteturas mais dramáticas que já se viu”.(MALLON p.248;2009 ).
Após a rosácea central,
os traços góticos finalizam no símbolo da cruz, tendo ao lado, as torres
góticas que se elevam em direção do céu, e mais uma vez, duas cruzes finalizam
o olhar do observador.
Abaixo da imagem, situado no ápice do estilo gótico
da arquitetura e entre simulações de colunas gregas, descem em direção a porta,
onde uma gruta central, apresenta a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e uma
escada ao lado que eleva o olhar para o
céu novamente.
E seguindo o roteiro dos estilos góticos da cidade, vamos a
dois bairros, cujas igrejas, também
proporcionam uma leitura interessante. A primeira, assim como as
anteriores se destaca pela torre elevada com o símbolo da cruz, que seguindo
percurso visual, temos um traço arquitetônico com um semi-arco e nas
extremidades anjos como sentinelas e no centro, o relógio passa a ideia de
tempo.
O tempo apontado pelo relógio nos conduz
para as colunas em estilo grego que sustentam a torre, apresentando entre elas
duas janelas em arco romano e abaixo, formas quadradas de uma porta cega, cujas
extremidades se alargam para abrigar uma imagem sacra a cada lado. Três
círculos com vitrais formam com a porta de entrada o símbolo da cruz, que
parece convidar o observador a entrar na igreja pela estrutura da cruz, já que
ao lado, duas portas cegas não permitem sua passagem.
E agora, nossa
viagem pelas igrejas de Botucatu, talvez aquela com uma torre mais baixa, mas
mesmo assim, nos desperta por sua arquitetura com o mínimo de gótico na
fachada, apenas na parte final da torre que se eleva com o símbolo da cruz,
pois logo abaixo, duas janelas em arcos romanos criam um paralelo com a
estrutura central, cujo arco e o círculo também sustentam a outra cruz.
E ao lado do símbolo
central, algumas formas, cujas semelhanças nos levam a pensar em elementos da
natureza, que observadas da rua, parecem pequenas árvores de natal e uma
terceira figura muito mais pontiaguda aponta para o céu e mais abaixo, a
esquerda, o que poderia ser uma segunda torre, com uma enorme janela finalizada
em arco e se separa por uma cruz de outra janela semelhante no lado direito e
entre elas, abaixo da cruz ou entre dois braços desta, encontramos novamente a
porta da igreja.
Bibliografia
Freyre,
Gilberto. Ordem e Progresso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959
Mallon,
Brenda. Símbolos Místicos. São Paulo: Larousse, 2009.
Figueiroa,
João Carlos e outros autores. Botucatu: História de Uma Cidade. Botucatu: Igraul,
2004.
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