Joaquim Luiz Nogueira
Numa primeira
observação podemos ver que o corpo feminino apresentado nesta capa corta a
cabeça com uma tarja de cor preta, cuja manchete chama atenção sobre animais de
estimação “Sacrificá-los ou deixar que sofram até o fim?” Dessa maneira as patas dianteiras do animal,
ultrapassam o espaço escuro para se
sobrepor ao cabelo feminino.
Os cabelos
longos, semelhantes a um véu cobrem parte de sua boca e seio direito, divididos
pelo nariz e queixo, tem um ângulo inclinado
de ombros, enfatizando a posição de seus
olhos para baixo, isto é, na direção de sua mão esquerda, cujo dedo polegar
segura o biquíni para baixo.
Nesta posição, chama atenção do
observador para uma barra de código situada na região de seu corpo que deveria estar encoberta pelo biquíni. Se fosse uma simples mercadoria, essa etiqueta
nessa posição indicaria que neste momento, uma máquina estaria mostrando o valor monetário, o lote e a data de validade.
Esse corpo feminino é cortado pela capa na altura
do joelho, mas de maneira que a perna esquerda se sobrepõe a outra,
manifestando que estava dando um passo a frente, cuja a mão esquerda possibilitava
a leitura do preço e seu pé esquerdo joga todo o peso para a perna direita que demonstra firmeza.
O lado direito do corpo demonstra
normalidade, mas rebaixa-se para que seu oposto possa se elevar com os ombros
além de sua boca, que juntamente com seu crânio que desaparece na palavra “sacrifício”.
O braço esquerdo se alonga, enquanto seu dedo indicador parece apontar para um
chão que não podemos ver, nem afirmar nada sobre essa atitude. É como se tudo
dependesse apenas do valor registrado
numa simples barra de valores, cuja as cores
do biquíni e da blusa, também
combina com ela alternando o preto e o branco.
Da leitura de uma barra que o próprio corpo demonstra
desconhecer o valor, sendo necessário exibi-lo para que observadores pudessem
interpretá-lo e ao mesmo tempo atribuí-lo
valores, cuja capa mostra um corpo
feminino que desconhece o lugar em que
está pisando e corta a cabeça na altura da testa, como se o cérebro
não participasse dessa ação.
A ideia da capa é de sacrifício sem pensar o
que está fazendo, já que veta a parte do cérebro na imagem. Trata-se de eleger
uma parte do corpo feminino como salvadora do restante e que o valor desta,
pode dispensar anos de esforço mental
planejando lugares para pisar.
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