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sábado, 1 de dezembro de 2012

O corpo feminino em uma capa da Revista Veja

Joaquim Luiz Nogueira 


      Numa primeira observação podemos ver que o corpo feminino apresentado nesta capa corta a cabeça com uma tarja de cor preta, cuja manchete chama atenção sobre animais de estimação “Sacrificá-los ou deixar que sofram até o fim?”  Dessa maneira as patas dianteiras do animal, ultrapassam  o espaço escuro para se sobrepor ao cabelo feminino.
      Os cabelos longos, semelhantes a um véu cobrem parte de sua boca e seio direito, divididos pelo nariz e queixo, tem um ângulo  inclinado de ombros, enfatizando  a posição de seus olhos para baixo, isto é, na direção de sua mão esquerda, cujo dedo polegar segura o biquíni para baixo. 

    Nesta posição, chama atenção do observador para uma barra de código situada na região de seu corpo que  deveria estar encoberta pelo biquíni. Se  fosse uma simples mercadoria, essa etiqueta nessa posição indicaria que neste momento, uma máquina  estaria mostrando o valor monetário,  o lote  e a data de validade. 
     Esse  corpo feminino é cortado pela capa na altura do joelho, mas de maneira que a perna esquerda se sobrepõe a outra, manifestando que estava dando um passo a frente, cuja a mão esquerda possibilitava a leitura do preço e seu pé esquerdo joga todo o peso  para a perna direita que demonstra firmeza. 
    O lado direito do corpo demonstra normalidade, mas rebaixa-se para que seu oposto possa se elevar com os ombros além de sua boca, que juntamente com seu crânio que desaparece na palavra “sacrifício”. O braço esquerdo se alonga, enquanto seu dedo indicador parece apontar para um chão que não podemos ver, nem afirmar nada sobre essa atitude. É como se tudo dependesse apenas  do valor registrado numa simples barra de valores, cuja as cores  do biquíni  e da blusa, também combina com ela alternando o preto e o branco.

    Da leitura de uma barra que o próprio corpo demonstra desconhecer o valor, sendo necessário exibi-lo para que observadores pudessem interpretá-lo e ao mesmo tempo  atribuí-lo  valores, cuja capa mostra um corpo feminino que  desconhece o lugar em que está pisando e corta a cabeça na altura da testa, como se o  cérebro não participasse dessa ação. 
    ideia da capa é de sacrifício sem pensar o que está fazendo, já que veta a parte do cérebro na imagem. Trata-se de eleger uma parte do corpo feminino como salvadora do restante e que o valor desta, pode dispensar anos de  esforço mental planejando lugares para pisar.  

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