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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Niemeyer e a Catedral de Brasília: uma visão onírica



       Joaquim Luiz Nogueira
     Falar das obras de Oscar Niemeyer nesse momento significa compartilhar de parte do que representou para a mente humana suas obras. Como historiador, vou descrever sobre a importância da Catedral de Brasília, enquanto símbolo urbano, segundo uma visão junguiana:


 “ Hoje em dia,  um número cada vez mais de pessoas, sobretudo as que vivem nas grandes cidades, sofre de uma terrível  sensação de vazio e tédio, como se estivesse à espera de algo que nunca acontece. Cinema, televisão, espetáculos esportivos e agitações políticas podem  distraí-las por algum tempo mas, exaustas e desencantadas, acabam  sempre voltando ao deserto de suas próprias vidas” (FRANZ, in JUNG, p.282).

      A construção de Brasília sob o símbolo de sua Catedral buscou levar a esse projeto de cidade a ideia de equilíbrio, numa tentativa de que as pessoas pudessem  orientar as suas vidas de forma menos instintiva, isto é, não movidas simplesmente por imagens emocionais, excitações sexuais e devaneios excessivos:  
  “Os sentimentos de tédio e apatia de que sofrem hoje os habitantes das grandes cidades (...) O alvo supremo de tal busca é a formação de um relacionamento harmonioso e equilibrado com o self. A mandala circular retrata esse equilíbrio perfeito – encarnado na estrutura da moderna Catedral de Brasília” ( FRANZ, in JUNG, p.283).


   Numa visão mais primitiva, segundo Franz,  as orientações de xamãs e feiticeiros, seriam para que as pessoas de suas tribos não se deixassem dominar por impulsos instintivos ou sexuais, já que poderiam  perder o equilíbrio  que vinha do centro regulador de sua alma. Neste sentido, podemos apresentar o desenho circular que predomina a Catedral como uma tentativa de restauro da receptividade na consciência dos futuros habitantes desta  nova cidade. Vejamos como Jung define o círculo: 

“(...) Jung usou a palavra de origem hindu mandala (círculo mágico)  para designar esse tipo de estrutura, que é uma representação simbólica do “átomo nuclear” da mente humana – cuja essência não conhecemos” FRANZ, in JUNG, p.285).



   A estrutura da Catedral, segundo essa visão da mandala (círculo) buscava restabelecer  o equilíbrio, algo que já estava evidente nas outras grandes cidades  do Brasil e do mundo, isto é,  certo desequilíbrio interior das pessoas em relação ao vazio e o tédio, provocado pelas grandes metrópoles.  

Fonte:JUNG,  Carl G. -  O Homem e seus símbolos

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