Prof. Joaquim Luiz Nogueirahttp://jolnogueira.wix.com/gestaodosucesso#!gestarsucesso/mainPage
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O uso das guirlandas, muito
comum também em cemitérios, carrega além de sua beleza enquanto arte, algumas
simbologias que remetem o observador para devaneios históricos e psicológicos,
que ao defrontar com essas fachadas, questionam seus significados e as possíveis
crenças envolvidas.
Neste aspecto podemos falar no poder da
crença como crédito de confiança, algo que prolonga o instante imediato,
espécie de elo que liga o homem a dimensões que se encontram distantes de seu
corpo, não compreendida por ele, mas com a capacidade para influenciá-lo a
partir de palavras e imagens:
“Assim, uma palavra ou uma
imagem é simbólica quando implica alguma
coisa além do seu significado manifesto e imediato(...) o homem é incapaz de
descrever um ser “divino” (... ) estamos
dando lhe apenas um nome, que
poderá estar baseado em uma crença, mas nunca em uma evidência concreta (...)
utilizamos termos simbólicos como representação de conceitos que não podemos definir ou compreender
integralmente. ”(JUNG 2008 pg. 19)
Os símbolos, assim como as
imagens e palavras possuem a capacidade de trazer aquilo que está no passado, ou
presente distante, mas admirado, inesquecível e até futurista ao encontro do
aqui e agora. São imagens semelhantes aquelas saídas de sonhos, entrelaçadas e
sobrepostas que encantam de forma mágica.
Desse modo, supomos que o homem, por não
ter a compreensão suficiente, isto é, um ser incompleto, necessita de sonhos e símbolos
para preencher lacunas em sua existência angustiante. Essas pontes oníricas
expandem desejos de realizações cujo contexto real não lhe permite a
realização, mas, de acordo com o sentido que atribuímos a uma dada situação,
podemos obter ajuda extra para a sua resolução, já que também produzimos
símbolos:
(...) o homem também produz
símbolos, inconsciente e espontaneamente, na forma de sonhos (...) O homem,
como podemos perceber ao refletirmos um
instante, nunca percebe plenamente uma coisa ou entende por completo. (...) tudo
isso depende do número e da capacidade dos seus sentidos. ”(JUNG 2008 p. 20).
As guirlandas
nestas fachadas compõem contextos intrigantes, pois coroam outros símbolos
conhecidos por variações de sentido ao longo da história humana: circulo solar,
roda, deus sol e outros. Ao serem incorporados nas fachadas das casas, prédios
e móveis na segunda metade do século XIX na Europa pela Art Nouveau,
acrescentou beleza ao sonho de riqueza e conforto que mais tarde conhecemos
como a “Belle Époque”.
A ideia desse momento, além de outras
interpretações, também pode pressupor que em alguns instantes a realidade
torna-se tão árdua, que então reagimos de acordo com as sensações visuais ou
auditivas e ao incorporarmos a mente, não encontramos respostas adequadas, já
que desconhecemos vários aspectos de nossa própria natureza, vejamos isso
segundo Jung:
Além disso, há aspectos
inconscientes na nossa percepção da realidade, o primeiro deles é o fato de que,
mesmo quando nossos sentidos reagem a fenômenos reais e a sensações visuais e
auditivas, tudo isso de certo modo, é transposto da esfera da realidade para a
da mente. “Dentro da mente esses fenômenos tornam-se acontecimentos psíquicos
cuja natureza radical nos é desconhecida (pois a mente não pode conhecer sua
própria substância) (JUNG 2008 p. 21).
E por não conhecermos
integralmente a própria natureza que nos deu forma, temos de criar contextos
satisfatórios para satisfazer o relampejo produzido na mente, cuja linguagem
se expressa por imagens sobrepostas, de forma a desconsiderar certas
dificuldades situadas junto ao corpo e a realidade concreta, assim temos o
conflito, que pode manifestar como uma segunda personalidade ou na sobreposição
de elementos:
“Geralmente, aspecto inconsciente
de um acontecimento nos é revelado por meio de sonhos, onde se manifesta não
como um pensamento racional, mas como uma imagem simbólica. (...) Fundamentados
nessas observações é que os psicólogos admitem a existência de uma psique
inconsciente (...) de duas personalidades dentro do mesmo indivíduo. ”(JUNG
2008 p. 22)
Devaneios, sonhos, arte, progresso e o moderno
deram o tom nas cidades brasileiras no final do século XIX e início do século
XX, entre as mais interessantes estão as fachadas de arquiteturas históricas do
Belém do Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Fonte: JUNG,Carl
G. O homem e seus símbolos – Concepção e organização Carl G. Jung . Trad. Maria Lúcia Pinho 2ªed.
Especial- Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
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