Prof. Joaquim Luiz Nogueira
Algumas frases e palavras fazem parte dos
discursos políticos e pedagógicos em textos que buscam alternativas para educação
brasileira. Vejamos alguns exemplos: cultura de paz, universalização do ensino,
escola eficaz, direitos humanos, mercado, recuperação da aprendizagem e reciclagem.
Vamos começar com as palavras de Slavoj
Zizek sobre a ideia de reciclagem “O ideal da reciclagem envolve a utopia de um
circulo fechado completo, em que todo descarte, todo resto inútil, é
suprassumido; nada é perdido, todo lixo é reutilizado”
Para
o pensador esloveno, esse ideal não significa admirar e sonhar com uma natureza
primitiva de florestas virgens e céu limpo, mas aceitar o lixo como tal ,
descobrir o potencial estético do lixo. Dessa maneira, Zizek, também faz um
paralelo com o mercado, cujo lema é (...) aceitar as pessoas como são (...)
Aqui o mercado é exemplar: a natureza humana é egoísta, não há como mudá-la; o
que é necessário é um mecanismo que faça os vícios privados trabalharem pelo
bem comum.
A escola como trabalho coletivo em busca do conhecimento, luta para
incorporar as tendências tecnológicas a serviço de melhorias da aprendizagem,
pois, não podemos negar que a leitura das telas dos equipamentos eletrônicos na
sala de aula, principalmente o celular, que mesmo vetado pelas escolas, continuam
a produzir escrita conhecidas como torpedos.
Embora as intenções de professores e alunos
sejam conflituosas na sala de aula, sendo que uma restringe a outra, todos
permanecem no espaço escolar, pois sobre ambos exercem outras leis coercivas
que estabelecem sobre ambos “certa convivência” pela necessidade de ficarem
ali.
Nesse aspecto, Zizek evoca as palavras de Benjamim Constant que
diz: “ Tudo é moral nos indivíduos, mas tudo é físico nas multidões, todos são
livres como indivíduos, mas são apenas engrenagens de uma máquina quando estão
na multidão”.
Será que estamos dentro da Matrix (filme)?
Ou somos avatares? Mas também podemos estar em estados semelhantes aqueles do
filme Surreal. De um lado vemos famílias estimularem seus filhos para a busca dos
melhores empregos no mercado e por outro lado o compromisso de todos com os
mais vulneráveis da sociedade, evitando que caiam no mundo do crime e das
drogas.
Segundo Slavj Zizek, “ (...) estamos numa nova
era, em que ambos os aspectos podem se combinar: personagens como Bill Gates
posam de radicais do mercado e filantropos multiculturalistas”.
Fonte:
Slavoj Zizek, pg.48-50/ Vivendo no fim dos tempos/ Boitempo.
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