Joaquim Luiz Nogueira
“Mais comunicação
significa em um primeiro momento, acima de tudo, mais conflito” Peter
Sloterdijk
A
questão que intriga os educadores atualmente passa pelo aumento a cada ano da
violência apresentada pelos alunos que adentram os espaços escolares. Slavoj Žižek
tenta esclarecer isto da seguinte forma:
A questão
é que a violência subjetiva e objetiva não podem ser percebidas do mesmo ponto
de vista: a violência subjetiva é experimentada enquanto tal contra o pano de
fundo de um grau zero de não violência. E percebida como uma perturbação do estado de coisa “normal”
e pacífico. Contudo a violência objetiva é precisamente aquela inerente a esse
estado “normal” de coisas. A violência objetiva é uma violência invisível, uma
vez que é precisamente ela que sustenta a
normalidade do nível zero contra a qual percebemos algo como subjetivamente
violento. Assim a violência sistêmica é de certo modo algo como a célebre “matéria
escura” da física “ZIZEK , 2014, p17 -18).
Na
escola temos uma violência objetiva, percebida por funcionários, professores e
equipe gestora, que na maioria das vezes, são orientados por um pano de fundo
de grau zero da não violência, que interpreta apenas como perturbações normais,
sem uma busca pela origem de tais comportamentos.
Desse
modo, alguns teóricos que escrevem livros e artigos no campo da educação, não
conseguem constatar essa violência objetiva e narram seus pontos de vistas como
se ela não fosse real, mas gerada pela falta de conhecimento, organização e
incapacidade de relacionamentos interpessoais de educadores para com os alunos.
No
entanto, essa violência invisível aos teóricos e técnicos da educação moderna,
sustenta os defensores da normalidade de nível zero, que não percebem ou é cômodo
não ver, o avanço sistêmico da violência entre as crianças, e desse modo, as
escolas, as famílias e a sociedade, cada vez mais, são vistas como produtoras
da violência.
Enquanto
a grande mídia e muitos teóricos da educação se engajam na busca de babás trogloditas
e professores vítimas da violência subjetiva do nível zero, as escolas tendem a
continuar sendo palco de uma ampliação comunicativa sem limites e de muitos
conflitos, cujo desfecho, levam muitas
crianças a não terem futuro e muitos
profissionais da educação as
licenças de saúde e a exoneração.
Livro: Violência: seis reflexões laterais
São Paulo, Boitempo, 2014
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