Prof. Joaquim Luiz Nogueira
De acordo com reportagem da
Folha de São Paulo de 18 de dezembro de 2014, as taxas de reprovação e abandono
em 2013 no Ensino Fundamental (1º ao 9º) nas redes públicas foram as seguintes:
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Ret.
Rendimento
|
Ret.
Abandono
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Percentual
de Retidos total
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Rede Pública
do Brasil
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9,4%
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2,6%
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12%
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Rede
Municipal de São Paulo
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2,2%
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1,7%
|
3,9%
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Rede
Estadual de São Paulo
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4,5%
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1,6%
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6,1%
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Para Prof. Doutora, Andrea
Ramal, que foi entrevistada pela Folha, “Reprovar não é solução, mas aprovar
quem não aprendeu pode ter efeitos ainda piores para os estudantes” E podemos
acrescentar que buscar resultados sem investimentos de infraestrutura nas
escolas, sem melhorar as condições de trabalho dos professores e das famílias,
só restará esta competição por resultados e números entre as redes, cujos
perdedores da vontade e da motivação, não são apenas os alunos, mas os
docentes, funcionários, gestores e empregadores.
Observando esses números da
tabela acima e as escolas em que trabalhamos, logo imaginamos que uma aprovação
de 88% dos alunos do Ensino Fundamental (1º ao 9º) significa um trabalho árduo
de todos os envolvidos, pois, um grande percentual desses que foram promovidos
carregam lacunas, cuja pedagogia moderna classifica como “alunos com tempo
de aprendizagem diferente”
E que em 2014, surgiram
classes de alunos retidos por aprendizagem e abandono do ano anterior, somados
aos que apresentaram lacunas devido o tempo de aprendizagem e uns poucos que se
enquadram como alunos com idade e aprendizagem adequados ao ano escolar em que
estão matriculados.
Ainda, pensando em 2014,
vamos acrescentar as condições de dupla e tripla jornada dos professores que
frequentam diversas escolas e redes públicas diferentes, somando uma quantidade de Diários
de classes que explica muito sobre a qualidade de ensino, sendo comum, usar
qualquer pedaço de tempo na classe ou na sala dos professores, para buscar
entender a direção que deve tomar dentro da escola, ou seja, se vai para
direita, esquerda ou sair correndo para não ficar com falta na outra escola.
Esse contexto não é desastroso somente no
sentido da não - aprendizagem adequada de crianças, jovens e adolescentes. O efeito
lacuna de aprendizagem já chegou à graduação, nos cursos que formam docentes, muitos
foram aprovados em concurso público de professor e para pesadelo de gestores estão
na escola. Vejamos algumas das falhas desses profissionais:
- não levantam cedo;
- não cumprem horário de chegada
à escola, chega correndo junto com os alunos;
- não preenchem diários de
classe porque não sabe fazer chamada;
- São contra avaliação de
alunos, pois isso não faz sentido para eles;
- Estão sempre escolhendo
dias letivos para faltar na escola;
De outro lado, o sistema
político brasileiro, que desde a Independência do Brasil vem buscando
alternativas e conceitos que possam identificar este povo, de alguma forma, em
diferentes momentos históricos, resolveram entrelaçar interesses de banqueiros
nacionais e internacionais com educação. O resultado desta colheita vem em
números de retidos, abandonos escolares, drogados, violência, miséria de toda
espécie.
De quem é a culpa? As
crianças, adolescentes e os jovens até 18 anos, esses, não respondem por eles, estão
interpretados pela Lei do Menor como parte da sociedade com muitos direitos e
poucos deveres. Os políticos? Claro que não, na hierarquia, eles estão no topo
e a maioria não sabe o que é escola pública. Portanto, a culpa seria das
famílias daqueles que estudam nessas redes? Também não! Responderia o
representante dos políticos. Famílias significam muitos votos, logo, também
está protegida. E agora, só resta uma instituição que tudo indica foi criada
para atender as necessidades de um povo, e que no caso brasileiro, atende aos
interesses daqueles descritos por Jean Jaques Rousseau: “os homens nos salões
de Paris fazem discursos que não correspondem as suas ações”.
Concluindo, quantos
interesses estão no pano de fundo da Educação no Brasil, Se você é professor da
rede pública e ainda cumpre com seu dever de ensinar, avaliar, planejar,
pesquisar, atualizar conhecimento, cumprir horário de trabalho e entregar
documentos preenchidos. Observem seus colegas que chegaram na rede pública nos
últimos anos e os alunos cujo seu trabalho tentou ajudar. Quantas mudanças? O mundo agora é outro? Prepare-se para o FEEDBACK e a devolutiva,
pois você será convencido que precisa
colaborar com os colegas e juntos fazerem uma avaliação 360º.