Joaquim Luiz Nogueira
    O agricultor pobre tem uma teoria sobre sua terra e o plantio,  porque antes de semear verifica a qualidade do solo e se diagnosticar que não está bom, rapidamente compra mais adubo ou calcário, mesmo sem dinheiro, pois nesta terra ele jogará todo o seu sonho. Depois, consulta o céu e a estação do ano, imagina ser  favorável para tal produto nascer e se desenvolver até a colheita.
     Após a plantação nascer, ele observa quais sementes nasceram em locais difíceis e correndo na direção delas,  livra-as de todos os galhos que as sufocam, e com os próprios pés arrasta a terra e ampara as frágeis plantinhas. Ainda preocupado, busca água para refrescá-las e até mais adubo. 
    Na visão do agricultor pobre a plantação só terá sucesso se  as condições do solo e as chuvas lhe proporcionarem as oportunidades para o desenvolvimento de cada planta e ele, como bom profissional, vencer as ervas daninhas e  as pragas, isto é, oferecer  todas as condições necessárias para o desenvolvimento pleno de suas plantinhas, mesmo que em algum momento seja preciso acreditar  e ter muita fé.
      E os professores? Esses, por não terem as condições apropriadas para trabalhar na maioria das escolas, já que trabalham sozinhos e com um número muito grande de alunos por sala, alguns  chegam a lecionar em até 22 classes por semana, não tem como oferecer ajuda a todos os educandos. 
    Desse modo, não tendo condições adequadas para trabalhar com todos, esses mestres jogaram seus ideais no chão da sala e imploram aos alunos que obedeçam, que estudem e se esforcem, porque ali se encontra um profissional que espera ver seus sonhos respeitados.
  
 
