Joaquim Luiz Nogueira
Fonte: História das
ideias pedagógicas no Brasil
Demerval Saviani
A competência é
emergida nos anos 60 como fruto do behaviorismo, identificada nesta fase
inicial como objetivo que o aluno deveria atingir para realizar as operações,
isto é, adquirir competências pela via cognitiva, segundo Saviani. ”
Competência adquirida por esquemas construídos pelo sujeito e interação com o
ambiente, equilíbrio e acomodação “.
Mas logo em seguida, a pedagogia
da competência, rompe com esta interação das pessoas com o seu meio
(neoconstrutivismo) e passa a desprezar os conceitos de meio cultural-social do
indivíduo, assim como os chamados conhecimentos prévios.
As competências cognitivas
ganham forças nas afetividades emocionais. Saviani afirma que a competência
nesta fase se funde com o “neopragmatismo”, então, torna-se “verdade elidida”,
ou seja, veracidade suprimida. Elas podem ser adquiridas por mecanismos
adaptativos do meio natural e social, ou seja, as pessoas podem ser ajustadas
ao “processo produtivo”, mesmo que não estejam totalmente competentes.
A ideia é que a produção
aumente com o trabalho não pago, o que Saviani define como
“criação de valor de troca ou obter o máximo com o mínimo”. Aqui, vamos abrir
parênteses para mostrarmos a fusão da: Pedagogias Tecnicistas de um lado - nela
têm aquilo que de acordo com Saviani, os princípios de racionalidade e que nos
anos 70, perseguia as iniciativas individuais com controle e direcionamento do
Estado. De outro lado, a Pedagogia dos anos 90, que valoriza os mecanismos de
mercado, com apoio da iniciativa privada, ONGˢ e parcerias público-privadas.
Essa última, busca flexibilizar o processo; trata-se de uma inspiração que de
acordo com Saviani, seria do Toyotismo. E depois, o neotoyotismo, busca
atualizar as pessoas, deslocando-os novamente do eixo de processo de
aprendizagem para o de resultado.
O foco passa a ser a
avaliação, sendo esta, encarregada de garantir eficiência e produção. Ela
ganha o papel principal, a bola da vez, do Estado e da União. Estudantes, gestores
e professores devem ser avaliados a partir de resultados obtidos.
Esse
foco no resultado abre espaço no Brasil para penetração da Pedagogia
Corporativa, que de acordo com Saviani é para atender a determinados nichos
do mercado.
A pedagogia da
“Qualidade Total” defende a
satisfação total do cliente e os funcionários devem vestir a camisa da empresa.
A ideia é gerar competição entre os trabalhadores em torno do empenho
pessoal com objetivos e metas. Os professores que ensinam são considerados,
nesta teoria, como “prestadores de serviços”, os alunos tornam-se clientes,
numa visão que a educação é um produto e que pode ser produzida com qualidade
variável.
É a concepção da produção
de diversos saberes ou diversidade, alunos diferentes com instituições
diversificadas. Os clientes da escola são a comunidade e as empresas. Neste
sentido, devem ficar satisfeitos. O professor, educador das novas
gerações deve se transformar em treinador, isto é, para Saviani, a
educação deixa de ser um trabalho de esclarecimentos e de conscientização para
ser um trabalho de doutrinação, convencimento e treinamento para o
mercado.
Trata-se de uma pedagogia
que exclui as pessoas e depois tenta incluí-las, definida por Acácia
Kuenzer, como “exclusão includente”. Segundo Saviani, o trabalhador é primeiro
excluído do trabalho formal e depois incluído na informalidade. Caso queira
voltar para o emprego formal perderá vários direitos e sofrerá diminuição de
salário. Eis o drama atual do professor na visão de Saviani. Ele
também é vítima da inclusão excludente.