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sexta-feira, 31 de março de 2017

Indisciplina na escola e a evolução da agressividade

 O perfil dos alunos pode ser analisado a partir dos relatórios de indisciplinas ocorridos em sala de aula, cuja idade deles demonstra picos de rebeldias, agressividades e baixa produção de aprendizagem, segundo os professores. Vejam como exemplo de indisciplina os seguintes comportamentos registrados no 1º Bimestre de 2017:  

Joaquim Luiz Nogueira


Nos 6º anos, os alunos chegam na escola com muita energia, porém com poucos limites. Eles não sabem quando é hora de estudar e quando e onde podem brincar.  O excesso de energia sem limites termina com brigas entre eles, muitas aulas não aproveitadas e muito tempo dos professores usados para orientação sobre o comportamento dos mesmos.

Nos 9º anos, os alunos usam a experiência adquirida nas brincadeiras para atrapalhar as aulas que não gostam dos professores e são mais agressivos com colegas, funcionários e docentes. Muitos acumulam histórico de indisciplina com retenção e abandono.

Na 1ª série do Ensino médio, com idade entre 15 e 16 anos, os alunos com histórico de indisciplina se tornam mais agressivos e violentos, participam de ações em grupo e são muito influenciados pela cultura das periferias, vocabulário e símbolos ligados ao crime e ao estilo da moda dos bairros.  

As vezes ouvimos que um preso entra nas cadeias do Brasil após cometer crimes pequenos e ingênuos, algo espontâneo, porém, ao sair da prisão, ele está  especializado, pois conheceu grandes talentos naquele contexto. Na escola, temos a sensação que também há uma evolução neste sentido, enquanto no 6º anos, o aluno nem sempre tem pontaria ao jogar as bolinha de papel, no Ensino Médio, dificilmente, ele erra a pontaria no professor. Sua agressividade, que antes era com o colega, agora passa a ser com o professor, com o funcionário e com a Direção. 

Concluímos que assim como a cadeia brasileira não melhoram aqueles que passam por ela, a escola também, parece que só amplifica aquilo que a criança  de certa maneira já carrega com ela. E conforme vai ganhando idade, sua agressividade e revolta também ganha experiência ao se socializar com outros mais experientes naquilo que ele deseja ser muito mais eficaz. 



Moro na Capa da Folha de São Paulo: uma leitura da fotografia.


Joaquim Luiz Nogueira

A fotografia da capa da folha de hoje 31/03/2017 mostra uma leitura do Juiz Sergio Moro com seu corpo abaixado, dividindo a cena com um quadro muito interessante, pois sobre um piso de tijolo de barro está uma forca, cujo laço está próximo de um tecido branco e um negro descalço.

Do lado direito está alguém com a roupa da nobreza, denotado pela meias e o calçado, mas não mostra o rosto, apenas o poder. Na esquerda, outro indivíduo branco com os pés descalço e a roupa se desfazendo pelo uso e a sujeira. Evidenciando o equilíbrio sobre uma só perna, inclinando-se para o lado da terceira pessoa de vestes pretas e sandália de gente humilde, mas com uma sombra que se prolonga e não determina o limite ou fim.

Em instabilidade, a cor esquerda da veste branca e suja se posiciona de um lado da fotografia, enquanto, a imagem do poder, bem vestida se posiciona do outro lado, atestando um total equilíbrio de ordem. No fundo, apenas com o pé direito e muito firme, está alguém que podemos supor, representa a religião, já que sempre estava presente junto aos enforcamentos dos condenados, fazia parte da cerimônia ao lado do poder.

No centro da fotografia está a veste branca, sem nenhuma sujeira, símbolo de paz, colada a veste vermelha desbotada, sem rosto, cuja parte final da calça parece acompanhar  a negritude dos pés, mas finaliza com a brancura da sola dos pés sobre a firmeza de um piso infinito de tijolo.

E ao pé do quadro, a figura do Juiz com sua veste de cor padrão preta se abaixando para que o leitor possa ver o quadro que se posiciona na parede, onde se vê a ilustração do poder no qual, ele está nesta fotografia se abaixando. O poder e a forca, não há dialogo, apenas cerimônia e cumprimento da Lei.

Ao lado da fotografia de Mateus Bonomi, a folha deixa a mensagem “Supremo assume Legislativo e agrava crise na Venezuela” Vejam, não é no Brasil. Apenas, a fotografia da esquerda é que mostra um Juiz, representante do Judiciário se abaixando em um momento, cujo fotógrafo e os responsáveis pela edição da capa do Jornal, viram uma grande leitura nesta imagem.

No subtítulo está escrito “Corte acusa Parlamento de desrespeitar a constituição; oposição fala em golpe de Estado, e vizinhos criticam” Novamente, a fotografia ao lado  exibe o equilíbrio do poder e logo adiante, temos a forca, cuja origem está na veste branca e limpa e o final da corda, o negro está pisando com a ponta de um de seus pés.

O negro está de costa para o poder e de frente com a figura de sandálias humildes, que também não manifesta o rosto. E o Juiz da fotografia, também está abaixado perante o poder representado no quadro acima dele. Quem é este poder, que na ilustração estava com roupas da nobreza, contemporâneas do Brasil escravista? Como este poder se apresenta nos dias de hoje? Se na fotografia, o poder não teve corpo, também, caro leitor, atualmente, o poder do grande capital não mostra nem os pés, porém, após muitas metamorfoses desde o século XVI, o dragão continua muito vivo e caso pense em fazer oposição se lembre da forca, ela está ao lado do branco da paz.


quarta-feira, 29 de março de 2017

Resposta de um servo


Joaquim Luiz Nogueira


Ter consciência da crise e das expectativas do funcionalismo e não fazer absolutamente nada, não ajuda a manter nossas escolas em pé. Estamos sem funcionários, sem professores, sem materiais básicos como papel higiênico e materiais esportivos. A manutenção do prédio, das calçadas, telhados, dos muros etc.

O diálogo via ficção ou videoconferência, não é como a vivência com as comunidades escolares. Na escola estamos roendo o osso juntamente com famílias desesperadas com o ensino dos filhos, cuja aprendizagem de conteúdos ficam  distante por falta de profissionais nas escolas.

A Recuperação da Economia Paulista e a responsabilidade com o povo estão nas mãos de um mesmo sistema público, que na Educação, já vivenciamos desde a época em que as escolas tinham muitos professores titulares e não faltavam substitutos. Havia capacitação até de uma semana para os professores em cidades diferentes. O mesmo sistema agora quer resolver tudo com Plataformas Virtuais, enquanto as escolas não possuem nem mais a sala de informática, sem estagiários, sem Internet de qualidade etc.
A recomposição salarial do funcionário público é assunto de muitos anos, penso que pode ser apenas uma lenda urbana, pois nem é mais um tema para pauta do sindicato, fala se em diversas preocupações para aqueles que não terão mais aposentadorias, mas não cobram melhores condições de trabalho.


Estamos cada vez mais matando um leão por dia, porém, na escola, fica pelo menos três leões para o dia seguinte. Cada professor ou funcionário que se aposentou nos últimos anos, sua vaga se transformou em acúmulo de trabalho para aqueles que estão no front da batalha. Fecharam salas de leituras, cortaram vice-diretores, coordenadores. É o salve se quem puder... 


Falar em cadastro de professores eventuais neste momento do ano é tampar o sol com a peneira, pois já estamos no final do 1º bimestre. E coletar esse tipo de ajuda não é fácil para algumas diretorias ou cidades, cuja demanda desses profissionais é inexistente, pois ninguém mais parece ter expectativas positivas para trabalhar com jovens e adolescentes da geração assistida pela Lei do Menor. Professores, funcionários e equipe gestora se transformaram em vítimas de todo tipo de desrespeito por parte de menores que não trabalham não estuda, não obedecem a regras ou normas, são agressivos e violentos e os pais não sabem o que fazer.

Mencionar a palavra “bônus” é revoltante, pois vincular o trabalho dos profissionais da educação ao desempenho de alunos classificados como vulneráveis seria como pedir milagres, e isso, somente a grande mídia financiada por interesses de poucos, pode realizar via realidade virtual.

O Magistério e o seu papel junto a este sistema de realidades virtuais fabricadas, cada vez menos participa das decisões, pois todo mês uma nova resolução aparece nas escolas e cabe aqueles que ainda estão no FRONT apenas cumprir as leis.

Outro detalhe, nem todos os membros do magistério compreende a “gravidade da crise” pois, sabemos que no capitalismo selvagem “crise também é oportunidade”, assim, em nome dela, as empresas fazem cortes de funcionários e substituem por máquinas e tecnologias ou Plataformas  Terceirizadas. No entanto, pedir sacrifícios em nome de uma reestruturação de comandos, muitos deles advindos de realidades virtuais e da grande mídia, não recupera a autoestima de trabalhadores da educação.