Foi então que se depararam: o professor e mais 30 ou 40 alunos em uma sala de aula, todos retidos por abandono no ano anterior da 1ª série do Ensino Médio. Ao vê-los, disse o mestre ao seu superior imediato:
_ Ali estão, Senhor, trinta desaforados dos grandes, ou pouco mais, aos quais vou trabalhar tentando lhes ensinar. Tomarei deles as lições e começaremos aprender juntos.
_ Que alunos? _ indagou o superior imediato.
_ Aqueles que estão ali, todos ávidos pelo saber.
_ Veja bem, caro professor, aquilo não são alunos desaforados e sim, estudantes com muitas dificuldades de aprendizagem. E o que você pensa ser fácil, na verdade são alunos com problemas diversos.
_ Já se vê que não és versado nestas aventuras _ disse o professor _ Esses na sala de aula são grandes potenciais e, se está com medo, afasta-te e te põe a rezar, enquanto travo com eles uma discussão fervorosa sobre o saber.
Mal disse isto, pegou seus livros, apagador e giz e, de mapa na mão, caminhou em direção aos supostos desaforados, conclamando-os a não saírem da sala. Como era início de período, uma grande quantidade de alunos se movia nos corredores. Evocando seu diploma, o professor precipitou-se em direção aos alunos e bateu seu apagador na lousa que o som foi longe: o pó se espalhou e o giz de sua mão dividiu-se em pedaços que caiu ao chão aos trambolhões. O superior imediato, que estava no corredor, correu acudi-lo mas, ao aproximar-se, viu que ele não podia nem se mover, tamanho havia sido o golpe na lousa em busca de atenção dos alunos.
_ Não disse a você que não era fácil trabalhar com eles _ falou o superior imediato.
Ao que o professor retorquiu:
_ Cala-te, senhor, pois ignoras que as coisas do ensino, mais que as outras, estão sujeitas a contínuas mudanças. Com certeza, foram outros professores que transformaram esses alunos em repetentes só para me desmoralizar.